No AMAZÔNIA:
O primeiro dia da greve dos funcionários do Departamento Estadual de Trânsito do Pará (Detran) foi um teste de paciência para os usuários que procuraram os serviços da instituição, ontem de manhã, na sede da avenida Augusto Montenegro, ao lado do Mangueirão, em Belém. A greve dos funcionários concursados, que são a maioria, reduziu para dois o número de atendentes na seção de pagamento de boletos para quem vai tirar a primeira habilitação e gerou uma fila enorme e muita reclamação. 'Já estou aqui desde cedo e, pelo jeito que as coisas estão, acho que não vou sair tão cedo. Teve gente que chegou primeiro que eu e desistiu de esperar', contou o estudante Felício Jardim, que esperava na fila para pagar a taxa do exame de legislação. 'Se a greve não acabar logo nem sei se vou conseguir fazer a prova.'
A direção do Detran afirma que, apesar da greve, a instituição não vai suspender suas atividades, mas admite que a paralisação deve dificultar bastante o atendimento nos próximos dias. Ontem de manhã, por exemplo, a realização dos exames práticos de direção só começou após às 9h. Antes disso foi impossível ter acesso ao pátio porque os grevistas haviam bloqueado a entrada. 'Meu exame seria às 8h, estou aqui desde as 7h e não consegui fazer o teste', reclamou Maria Aparecida Nunes, que diz precisar da carteira de motorista para uma vaga de emprego. 'Estou pleiteando a vaga, mas é preciso ter carteira. Se não conseguir providenciar logo vou acabar perdendo a vaga'.
Em nota divulgada no final da manhã, o Detran informou que quem não conseguiu fazer o teste ontem deve ter o exame remarcado. Já a vistoria de veículos foi transferida para o Comando do Corpo de Bombeiros, na avenida Júlio César.
Apesar da exigência da direção do órgão para que o comando da greve cumpra a determinação da Lei 7.783/89 e mantenha 40% dos funcionários trabalhando, o movimento garante que a adesão ao primeiro dia de paralisação foi de 90%. 'Contamos com o apoio de quase todos os concursados. Apenas os temporários e os cargos comissionados continuam trabalhando', afirmou Lacenio Barbosa, do Sindicato dos Servidores Públicos do Pará. De acordo com Lacenio, o Detran tem 1.743 servidores públicos concursados distribuídos nos pólos da capital e do interior. Ainda segundo ele, a maioria cruzou os braços ontem.
A greve é por tempo indeterminado e, dessa vez, os grevistas, pelo menos até agora, não demonstraram interesse em suspender a paralisação para voltar a negociar com o governo. 'Aceitamos fazer isso na primeira paralisação. Eles prometeram celeridade para atender nossas reinvidicações, mas não fizeram nada'. Os trabalhadores querem que o governo acelere a aprovação da Lei de Reestruturação do Detran para poder discutir um novo plano de cargos e salários para a instituição. Eles também alegam que o Detran gasta uma parcela muito pequena (23%) da sua arrecadação com o funcionalismo. Essa é a segunda paralisarão em menos de um mês. No início de outubro os funcionários suspenderam as atividades e aceitaram voltar ao trabalho para poder negociar com o governo.
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