domingo, 2 de novembro de 2008

Fernanda Young é chata. Mas é mitológica, convenhamos.

Fernanda Young (aí ao lado), com todo o respeito, é chata.
Chata. Só isso.
Chata.
O pessoal aqui da editoria de Cultura, Arte e tudo o mais aqui da redação do Espaço Aberto tem até uma certa simpatia por ela.
Não todos, porém.
A maioria acha mesmo Fernanda Young chatíssima.
Ela procura ser original sem consegui-lo.
Tenta contrariar conceitos estabelecidos apenas para ver como é que os outros reagem. É capaz, nesse sentido, de dizer que uma pedra não é uma pedra não porque verdadeiramente acredite que uma pedra não é uma pedra; diz coisas assim apenas para ver como é que os outros reagem.
Quem sabe Fernanda Young não é uma simpatia em privado, entre seus amigos! Quem sabe!
Se ela fosse naturalmente chata, talvez fosse possível perceber.
Mas não. Ela se faz de chata apenas para que a achemos chata.
E consegue. Impressionante como consegue que a achemos uma chata.
E olhem que o pessoal aqui da redação que vinham se esforçando para não achar que Fernanda Young é chatíssima estava mais ou menos conseguindo.
Até que lhe caiu nas mãos a entrevista que Veja – na edição passada – fez com que Fernanda Young e foi publicada em suas páginas amarelas.
Pronto.
Aí, não teve jeito.
Aqueles que procuravam se redimir em relação a Fernanda Young tiveram uma recaída e a acharam ainda mais chata do que sempre a acharam.
Não é para menos.
Vejam só este trechinho da entrevista.

Seu marido cedeu ao seu [mundo caótico das mulheres]?
Claro. Uma das coisas de que ele mais gosta é ir às lojas comigo e me ver escolhendo os vestidos que vou comprar. Ele acha lindo. A coisa mais maravilhosa que existe é ver uma mulher decidindo se leva o amarelo ou o verde. É uma coisa tão ruidosa, é mitológico o ato de uma mulher num shopping comprando coisas, decidindo se é esse ou se é aquele. É lindo isso. É sensacional. Eu tenho um amigo que é assim também, e não é gay, inclusive. Ele se permite ter a delicadeza da dúvida de que calça comprar.


Céus!
Sinceramente, o que é que tem de mitológico, o que é mesmo que tem de ruidoso no “ato de uma mulher num shopping comprando coisas, decidindo se é esse ou se é aquele”, se é amarelo ou verde?
O engraçado é que todos temos muitas opções na vida. A cada dia, temos que fazer opções.
Temos a opção de escolher, por exemplo, entre se é melhor Raimundo Ribeiro, o operante presidente do Remo, renunciar hoje ou amanhã.
Temos o opção de escolher entre assistir Fernanda Young na TV ou desligar a TV quando ela aparece.
Quando vamos ao supermercado, temos a opção de comprar um quilo de carne desossada e uns dez ou onze cotonetes. “O que será melhor pra mim, hoje? Um quilo de carne desossada ou dez cotonetes?” – é o que nos perguntamos.
Temos a opção de trafegar pela 25 de Setembro, serpenteando a 10 quilômetros entre suas aprazíveis áreas verdes, cheias de qualidade de vida, ou então preferir a Almirante Barroso, onde se pode trafegar a 900 quilômetros (tanto os pobres quanto os ricos, vale dizer).
Até a Pucca, vejam só, até a Pucca, uma cadelinha linda, faceira, dengosa, que está na época de seu primeiro cio, tem a opção de escolher o seu primeiro namorado quando passeia pelas ruas perto de sua casa. Até a Pucca tem a opção de escolher.
Mas essas escolhas são mitológicas?
Digamos que, diante da opção posta ao nosso dispor, escolhemos que o Raimundo Ribeiro renuncie agora, preferimos desligar a TV para não assistir às chatices de Fernanda Young, escolhemos o cotonete em vez da carne desossada, escolhemos trafegar entre 25 de Setembro e a Pucca escolheu o seu príncipe encantado.
E aí? O que é que isso tem de mitológico? O pessoal da redação acha que nada tem de mitológico. Nada.
Mas Fernanda Young acha mitológico uma mulher, em um shopping, escolher entre o verde e o amarelo.

Tem mais. Veja pergunta e ouve a resposta.

A senhora parece adorar chocar os outros. Qual é o prazer que encontra nisso?
Eu não adoro. Sofro muito com isso. Não faço de propósito. Apenas odeio a caretice. Não a caretice de drogas, mas aquela caretice do coro, das pessoas que acham que detêm a verdade. Eu odeio essas pessoas todas sentadas nos seus sofás da Tok&Stok, refesteladas nas suas certezas. Eu gosto de provocar o ruído. Tem um comportamento de coletivo que é enjoativo, um nhenhenhém. As pessoas são chatas, têm uns papos que vão me enjoando.


“Eu não adoro. Sofro muito com isso. Não faço de propósito.”
Não faz de propósito?
Mas a pergunta não indaga se ela faz de propósito.
Fernanda confessou, sem querer, que é chata de propósito, conforme já se mencionou mais acima.
Parabéns, Fernanda.
Fernanda é chata, mas sincera.

Tem mais.

Tem muita gente que não gosta da senhora?
Eu já me incomodei muito por ser tão odiada. Mas agora entendi que as pessoas que se incomodam comigo estão odiando algo de si mesmas que vêem em mim. Fico me perguntando o que em mim causa tanto mal-estar nos outros.

Fernanda tem razão.
Essa sim, é uma questão mitológica, Fernanda: o que tem em você que causa tanto mal-estar nos outros? Ninguém sabe, Fernando. Isso é um meio mitológico, mágico, desafia todos os nossos sentidos, os nossos tabus, os nossos recalques, tudo.
Fernanda Young, por si mesma, é mitológica. Ela sim, é que é.
Mas o pessoal aqui do Espaço Aberto que não tem simpatia por ela já fez várias vezes aquela terapia de pegar um daqueles sacos que boxistas usam para treinar e ficar esmurrando, ao mesmo tempo em que se repete: “Fernanda Young é uma chata, Fernanda Young é uma chata, Fernanda Young é uma chata...”
Outros, também aqui do blog, fazem diferente. Esmurram o saco, enquanto repetem: “Fernanda Young é uma simpatia, Fernanda Young é uma simpatia, Fernanda Young é uma simpatia...”.
Isso tudo é pra ver se passa chatice que sentem por Fernanda Young.
O problema é que não passa.
Mas vai passar, Fernanda. Vai passar.
Assim que todos gostarem de si mesmos, é claro, todos vão gostar de você.
Com certeza.
Enfim, a entrevista, por mais incrível que possa parecer, é divertida.
Fernanda Young é tão chata que, vamos reconhecer, às vezes até parece divertida.
Aliás, para quem não a leu, sabem como o título da entrevista? “É ótimo falar besteira” – uma citação atribuída a Fernanda, é claro.
E não é, Fernanda?
É ótimo a gente ler, ver e ouvir alguém falando besteira.
Não você, é claro.
Putz!

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