domingo, 17 de maio de 2020

Escolhas erradas


Por Francisco Sidou, jornalista 

Falta de visão de sucessivos prefeitos de Belém resultaram no caos total em nosso trânsito contemporâneo, estressante e neurótico.
Os corredores de tráfego no centro da cidade (os mesmos desde o século passado) estão entupidos de carros e também de motos. As vias de uma cidade são como as veias no corpo humano: quando elas entopem o organismo sofre um colapso. Após algumas obras cosméticas e uso de adereços totalmente inadequados como sinais de três e quatro tempos no lugar de viadutos e de tartarugas do asfalto como balizadores de trânsito - Belém está ficando travada cumprindo-se famosa e abalizada profecia dos técnicos da Jica, que em meados da década de 80, elaboraram o Plano Diretor de Tráfego Urbano com várias propostas/projetos de obras e serviços e alertaram que se nada fosse feito "Belém poderia travar por volta de 2010."...  (então distante).
Na década de 80, circulavam na cidade cerca de 150 mil veículos automotores. Hoje , são mais de 800 mil e quase nada foi feito dentre as obras e serviços planejados pelos técnicos japoneses. Também indicavam o metrô de superfície, já então adotado em cidades médias do Japão e em várias outras capitais, como a solução mais adequada para o tráfego na região metropolitana de Belém.
Trinta anos depois, sofremos os efeitos deletérios das escolhas erradas e temerárias como esse BRT mastodôntico e inconcluso, após mais de oito anos de iniciado com vícios de origem e desvios de rotas e de verbas públicas.
Até quando, Belém? Acima um moderno protótipo de um vagão de metrô de superfície, cujo projeto teria saído menos oneroso e muito mais proativo para a Região Metropolitana de Belém. Faltaram visão de futuro, engenho e arte de parte de alguns prefeitos fanfarrões e certos vereadores estradeiros, que quase sempre preferem agradar mais aos poderosos barões de ônibus do que ao povo que os elegeu. Em má hora, por sinal.

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