Diferimento não é desconto. Como um respirador mecânico de um hospital também não é um pé de alface.
Como diria aquele filósofo – que eu não sei quem
é, confesso -, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
A Alepa aprovou o Projeto de Lei 74/2020, que estabelece
a redução de 30% no valor das mensalidades referentes à prestação de serviços
educacionais na rede privada, enquanto durarem as ações de combate ao
coronavírus no estado.
O governador Helder Barbalho sancionou o
projeto, transformando-o em lei.
Merecem parabéns tanto a Alepa como o governo do
Pará?
Acho que sim.
Há milhares de pessoas que tiveram suas
dificuldades agravadas nestes tempos de pandemia. Uns mais, outros menos. Mas
todos tiveram.
Tudo o que tem sido feito para minorar essas
dificuldades, e desde que não fira as leis e a Constituição, precisa e deve ser
apoiado.
Este é um detalhe, portanto: Alepa e governo do
Pará andam bem ao oferecer essa alternativa legal para minorar as dificuldades
que enfrentam milhares de pais cujos filhos estudam em escolas particulares.
O outro detalhe é o seguinte: nem Alepa, nem
governo do estado podem falar em desconto de mensalidades.
E por que não podem?
Porque a nova lei não oferece desconto algum.
E sabem disso tanto a Alepa, como o governo do
estado e as próprias escolas, como se pode constatar no vídeo acima, que mostra
a manifestação da presidente do Sindicato das Escolas particulares do Estado do
Pará (Sinepe/PA), Beatriz Padovani.
Desconto é assim.
Você compra um respirador por R$ 126 mil a
unidade. O vendedor lhe oferece um desconto de 50%, você paga R$ 63 mil pra ele
e acabou. Ponto final. Nunca mais paga nada.
O diferimento seria assim.
O respirador custa R$ 126 mil, você paga R$ 63
mil e os outros R$ 63 mil você vai pagar mais à frente, em módicos e suaves
parcelamentos. Você pode até pagar daqui a 40 anos, mas terá que pagar.
Ou seja, diferimento é um adiamento do que você
tem que pagar. Mas vai pagar, repito.
Fica claro, assim, que desconto é uma coisa.
Diferimento é outra.
Quando se reforça o termo desconto, dissemina-se a falsa, errônea ideia de que, durante o
período da pandemia, quem paga R$ 1 mil de mensalidade, pagará, digamos, R$ 700
por dois ou três meses e tudo ficará por isso mesmo.
Não ficará por isso mesmo, não.
Saibam todos disso.
E não ficará porque os R$ 300 terão que ser pagos
mais à frente, parceladamente.
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