sexta-feira, 10 de julho de 2009

Insurgência dos advogados

DEUSDEDITH BRASIL
O colega Jarbas Vasconcelos insinuou a minha participação em seu Grupo para concorrer às eleições da OAB - Seção do Pará. Naquela oportunidade, expliquei que não poderia me envolver porque o meu irmão Acreano integrava o Grupo da situação.
Com a primeira nota publicada nos jornais de Belém a respeito do conchavo denominado eufemisticamente de acordo, fiquei inquieto porque não posso aceitar, e nenhum advogado democrata há de admitir, sob hipótese alguma, que "cabeças" de Grupos que se digladiavam pelo comando da Secional possam decidir em nome da categoria.
Parece-me que tudo foi feito furtivamente. Não ouvi falar na participação das subseções, mas a nota "À Advocacia do Pará", como se fosse da Corporação (assinada por Angela Sales na condição de presidente), registra que a aliança "foi amplamente discutida com incontáveis colegas da capital e das subseções". Desconfio. Incontáveis é um número vazio. Se houvesse participação efetiva e legítima da categoria dos advogados, as notas seriam desnecessárias.
A procura de apoio, também para iludir, dos ex-presidentes da Corporação para o arranjo de conveniência desrespeita os advogados paraenses. Vejo no arranjo, que qualifico de conchavo, uma ação deletéria prejudicial à categoria. Objetiva suprimir o debate democrático a respeito dos problemas da classe tão esquecidos nos últimos 15 anos.
Os advogados não podem ser lesados. O arranjo de conveniência, da pior qualidade, trai a democracia e, parodiando Raymundo Faoro, posso afirmar que os conceitos como de democracia, representação e legitimidade foram facilmente substituídos pelos de conchavo, coronelismo, auto-ajuda e cachacinha.

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“Onde foi a reunião que culminou com o arranjo? Na calada da noite? Quem sugeriu e resolveu arranjar? Qual o quorum que aprovou o arranjo? Quem são os mais interessados?”
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Desde a minha inscrição na Ordem como solicitador, em 1966, não tenho notícia de se haver pretendido iludir a categoria dos advogados de maneira tão espúria. Uma verdadeira empulhação. Por que não se utilizaram dos recursos gastos com as notas (espero que não tenham sido pagas com o nosso dinheirinho) para convocar os advogados paraenses para uma audiência pública onde, aberta e transparentemente, discutir-se-ia não o desconfiado arranjo, mas, sim, os problemas da categoria? Onde foi a reunião que culminou com o arranjo? Na calada da noite? Quem sugeriu e resolveu arranjar? Qual o quorum que aprovou o arranjo? Quem são os mais interessados? A atual Presidente, o Tesoureiro Federal, os candidatos ao Conselho Federal e os atuais conselheiros da Seccional? Como, afinal, tudo foi arranjado? Quantos advogados participaram do arranjo, ou melhor, do conchavo? Por que terá sido que os ex-presidentes Sérgio Couto e Avelina Hesketh não emprestaram seus nomes para apoiar o conchavo dos coronéis da política da OAB ou dos latifundiários da Corporação?
Não posso aceitar, e meus colegas hão de confirmar. Os advogados das mais variadas subseções foram considerados integrantes de currais eleitorais do "coronelismo feudal".
O conchavo renega à democracia em benefício de grupos que não têm a representatividade nem legitimidade para decidir a sorte dos advogados. Estes, pela própria formação humanista, querem um processo eleitoral onde prevaleça o debate público e democrático
Espero que os advogados se insurjam contra o arranjo e não entrem no "curral eleitoral" desenhado por quem não tem "lápis nem compasso" para assim configurar o destino da categoria. Hão de se insurgir para deflagrar um processo eleitoral transparente, que não vise absolutamente beneficiar quem quer que seja. Que a categoria em eleições limpas e transparentes tenha o direito buscar novas lideranças. Recusemos o embrulho trazido na mala não se sabe de quem, para demonstrar que a categoria não está sujeita a cabresto de feudos.
Nada pessoalmente contra o colega Jarbas. Tenho com ele boas relações. Nem contra o Ophir, apesar deste ter copiado uma peça minha e assinado como se fosse de sua produção. Mas sou contra o conchavo em homenagem à disputa livre e democrática que toda a categoria almeja. O debate de idéias é imprescindível ao fortalecimento da Democracia. They don't care about us (MJ): Eles não ligam pra gente.

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DEUDESDITH BRASIL é advogado e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA)
dba@amazon.com.br

6 comentários:

Anônimo disse...

Prezado PB,

Depois do que o Professor Deusdedith Brasil, um advogado ilustre sem qualquer dúvida, escreveu sobre o Ophir, resta a este ou representar contra o autor da nota, ou se calar aceitando o que foi dito.
A conferir.

Abs.

jader kahwage disse...

O que o Deusdeth chama de conchavo os advogados denominam acordo e assim o fazem para deixar bem claro que trata-se da união de duas correntes de pensamento distintas, só não percebe quem não quer e sabe-se lá com que motivação.

Francisco Rocha Junior disse...

Caro Paulo,

O debate sobre como foi forjado o contestado acordo entre os grupos políticos do Jarbas e do Ophirzinho é necessário. Desnecessárias são as acusações estritamente pessoais que membros dos grupos envolvidos - e aqui destaco os advogados Sérgio Couto, Ângela Salles e, entrando neste rol agora, Deusdedith Brasil - estão a se impingir mutuamente, que nada contribuem à discussão e não interessam a ninguém.
É essencial para os advogados formarem sua opinião que o debate não resvale para a baixaria típica das campanhas político-partidárias. Assim, perde-se o interesse nas questões essenciais, fazendo todos passarem dos fatos às fofocas.
Abraço.

Anônimo disse...

Até que enfim alguem discordou deste acordo espurio entre PT e OAB!

Anônimo disse...

Se foi o DEUSDETIH que disse, desconfie. Esse homem não merece a menor confiança.

Deusdedith Brassil disse...

O anônomo que acusa é um covarde. Bandido modtre a sua cara.