No AMAZÔNIA:
O grande número de casos de mulheres agredidas pelos parceiros em função da homossexualidade dos filhos foi o que chamou a atenção da Associação de Mulheres da Terra Firme para uma questão cada vez mais comum no bairro: o preconceito e a violência contra os homossexuais. De acordo com a coordenadora da entidade, Socorro Fernandes, das 386 associadas, cerca de 40 são mães de homossexuais. Muitas delas sentiram o problema na pele. 'Na maioria dos casos, os maridos culpavam as esposas pela sexualidade dos filhos. Descontavam nelas o fato de os filhos serem homossexuais, numa clara demonstração de machismo e preconceito', conta a coordenadora. Foi assim que a organização decidiu abraçar esses jovens e inseri-los em atividades educativas, de lazer e de geração de renda.
Uma dessas ações aconteceu ontem de manhã, na quadra da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), na avenida Perimetral. A 'queimada gay' reuniu seis equipes de homossexuais do bairro, numa disputa animada. 'Aqui, no bairro da Terra Firme, nós não temos espaços de lazer para esse público, que, muitas vezes, deixa de trabalhar e de estudar por conta da pressão e do preconceito da sociedade', explica Socorro, que também é do Grupo de Trabalho de Mobilização da Terra Firme para o Fórum Social Mundial (FSM). 'Uma das nosas intenções, no FSM, é discutir políticas públicas para a comunidade gay, principalmente nas áreas da saúde, cultura e lazer', completa.
Dandara (nome fictício, a pedido da entrevistada), de 21 anos, conhece bem essa realidade. O nome masculino com que foi batizada já nem lembra mais. Homossexual desde os seis anos de idade, conforme conta, já sofreu muito por causa do preconceito. A mãe, o padrasto e os três irmãos, que nunca aceitaram bem a sua orientação sexual, apesar de terem morado com ela durante um tempo, foram embora de casa, deixando-a sozinha. É assim que ela vive em um casebre, no bairro da Terra Firme. Para se sustentar, a prostituição foi o caminho escolhido. Dandara chegou a ser mantida em cárcere, durante um tempo, há cerca de três anos, em Goiás. 'Fui levada para uma casa onde passava o dia inteiro trancada. Só saía à noite, para ‘batalhar’', lembra. Hoje, ela vive de modo diferente. 'Quero um emprego de verdade, onde eu possa mostrar a minha arte', revela a jovem, que também faz 'bicos' como costureira e manicure.
Um comentário:
É uma pena que não é televisionada. É uma graça. Voa pena e purpurina pra tudo que é lado.
Postar um comentário