O Quinta, em postagem no final da tarde de ontem, matou a cobra e mostrou o pau; ou melhor, matou o touro e mostrou a pule.
Como a pule do leitor que foi parar no Quinta, outras tantas – milhares, diga-se – foram emitidas ontem, em Belém, por apontadores do jogo do bicho que não tiveram a menor preocupação de se esconder da polícia, a mesma que no dia anterior estourou a central de apostas da contravenção em Belém.
Combinemos assim: não se podem criar falsas expectativas em torno de uma ação repressora na sua essência meritória, mas na prática absolutamente inócua.
Se o Ministério Público e a polícia pretendem reprimir o crime de lavagem de dinheiro, que supostamente estaria sendo praticado pelos barões do jogo do bicho em Belém, então devem ter todo o apoio para que ajam dessa forma. E não fizeram mais do que cumprir suas atribuições.
Teria sido mais conveniente, todavia, não difundir a idéia de que as ações também se destinariam a acabar com o jogo do bicho em Belém. Por um motivo simples: não vão acabar com o jogo do bicho em Belém.
E ponto.
Como instâncias repressoras, quantas sejam, não conseguirão acabar com a contravenção do jogo do bicho, é evidente que a população tenderá a desacreditar em operações que, pelo seu alcance, possuem eficácia limitadíssima, uma vez que conseguem alcançar objetivos imediatos.
No caso da suposta ação para coibir o jogo do bicho, é possível que uma pequena parte dos apontadores tenha de fato evitado expor-se ontem à ação da polícia e do MP. Mas hoje, amanhã e depois já estarão todos na rua, novamente.
Emitindo tranqüilamente as pules que vão parar até em blogs.
Para descrédito de ações repressoras que disseminam a falsa expectativa de que vão acabar com a contravenção do jogo do bicho em Belém.
Que nada!
2 comentários:
Não há vontade política para acabar com o jogo do bicho.
Não atuar significa permitir que a atividade se mantenha.
Contravenção é infração penal. O fato de ser conduta menos grave não dá direito ao Estado de se omitir irresponsavelmente.
É uma pena que as instituiçãos de persecução penal sejam omissas.
Nós, os cidadãos, deveriamos ter o discernimento suficiente para escolher o que deveriamos adotar como procedimento e comportamento viável e saudável à vida em sociedade, tendo como premissa o respeito à individualidade, aos bons costumes (sem nenhum receio de se taxar de conservadorismo, porque entendo que os bons costumes deverão sempre ser conservados pela sociedade). Pois bem, o “jogo do bicho”, que não é crime, mas uma contravenção penal, é tolerado pelo estado, e isso é um fato. Além disso, o jogo do bicho existe porque, mesmo em detrimento de sua ilegalidade, é aceito por parte da sociedade, inclusive dele participa, com suas apostas. E isto também é fato. Ora, se formos analisar o comportamento dos apostadores do jogo-do-bicho, de forma rasa, chegariamos a conclusão de que tão somente procuram o ganho rápido, fácil, em face de suas necessidades. Nenhum pecado nisso. E poderiamos também, compará-los com os demais jogadores de apostas oficiais (sena, loterias, etc). No entanto, aqui a comparação não é adequada, porque, mesmo que desconsideremos a ilegalidade daquele, não podemos olvidar da malha criminal que está envolta no jogo-do-bicho, inclusive a lavagem de dinheiro mencionada pelo blog. E disso o apostador tem de levar em consideração porque, ao jogar, estará fornecendo combustível para a prática de outros crimes, que muitas vezes desembocam até para o assassínio de pessoas inocentes. É isso que queremos ?
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