terça-feira, 4 de novembro de 2008

“Monstro da Ceasa” irá a júri dia 17

No AMAZÔNIA:

Dois anos depois da morte de José Raimundo de Oliveira, a primeira vítima do criminoso que ficou conhecido como o 'Monstro da Ceasa' e 'Maníaco da Ceasa', a mãe do menino ainda custa acreditar que o perdeu. Maria Trindade Oliveira, a 'Dona Neca', decidiu voltar à cena do crime pela primeira vez na semana passada, para orar pelo filho, violentado e morto na mata da estrada da Ceasa em 2006. José foi dado como desaparecido no dia 16 de dezembro daquele ano e encontrado quatro dias depois. Nu, sem cabeça e em avançado estado de decomposição, o corpo do adolescente foi enterrado como indigente em uma cova do Cemitério do Tapanã. A mãe não esteve no enterro do filho. Só seis meses depois um exame de DNA confirmaria que o corpo encontrado era o do menino desaparecido.
O ex-militar André Barboza, de 28 anos, que confessou ter assassinado José Raimundo e outros dois adolescentes - Adriano Augusto Martins e Ruan Sacramento Valente, ambos de 14 anos -, em 2006 e 2007, vai a júri popular daqui a duas semanas. Ele sentará no banco dos réus do Tribunal do Júri da 1ª Vara da Comarca da Capital no dia 17 de novembro, em julgamento conduzido pelo juiz Edmar Silva Pereira.
As famílias dos três adolescentes, que voltaram juntas à mata da Ceasa semana passada, tentam mobilizar a comunidade do Guamá a comparecer ao julgamento e cobrar a pena máxima para Barboza. 'A gente tem que confiar na justiça. Mas agora está nas mãos de Deus e dos jurados. Eles podem tanto inocentar como condenar (o André). Nós brigamos para que ele pegue a pena máxima e pague pelo que ele fez', diz Agostinho do Nascimento Martins, pai do menino Adriano.
Vestindo todos os dias uma camisa com as fotos dos três meninos mortos na Ceasa, Agostinho ainda tenta retomar a vida normal. Ele voltou a trabalhar na portaria da escola Ruth Rosita de Nazaré Gonçalves - onde os três estudavam - de onde se afastou nos meses seguintes à morte do filho.
Juntas, as três famílias entraram na mata da estrada da Ceasa para ir até o lugar onde os corpos foram encontrados. 'Ela disse que precisava ir lá. E a gente decidiu ir junto. Na época em que acharam os corpos, a ‘Dona Neca’ não chegou a ver o José. Tanto que ele foi enterrado sem reconhecimento. Ela queria ver onde tudo tinha acontecido. Queria rezar por ele', conta o pai, angustiado em lembrar da volta ao local onde o filho mais novo foi morto.
André Barboza aguarda pelo julgamento preso no Centro de Recuperação de Americano II. A família dele decidiu se mudar da residência onde moravam, na avenida José Bonifácio, depois que ele foi preso. A casa foi colocada para venda, mas nenhum comprador se interessou. Foi posta para aluguel, mas nenhum inquilino quis ocupá-la.

Nenhum comentário: