O presidente Lula esteve ontem em Tucuruí (em cima, na foto de Ricardo Stuckert, da Presidência da República).
Pois é.
Em Tucuruí, Lula aproveitou para, novamente, baixar o malho na Imprensa. Disse que jornalistas só destacam o negativo.
Lembrou a primeira vez que esteve em Tucuruí, em novembro de 2004, para a inauguração de uma turbina e comeu um bombom de cupuaçu, jogando o papel no chão, entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então governador do Pará, Simão Jatene (PSDB). Ele reclamou que, apesar da importância da obra, no dia seguinte o destaque era a foto do papel do bombom jogado no chão.
Mas, afinal de contas, o que é mesmo que o presidente quer?
Ele quer que a Imprensa meça precisamente a quantidade de notícias negativas e positivas e as coloque umas ao lado das outras, no mesmo espaço?
O que é “notícia boa”? E “notícia ruim”?
E como é que as pessoas vão saber o que é uma “notícia positiva” ou “negativa” na acepção, na percepção de um presidente da República - seja Lula ou qualquer outro?
Como definir o que é uma “notícia boa” e uma “notícia ruim?”.
“O Remo ganhou”, estampa uma manchete.
A notícia é boa? Para os remistas, é. Para os bicolores, não.
“Duciomar é reeleito”, estampa outra manchete.
A notícia é boa? Para os amarelinhos, é. Para quem votou em Priante, não. Para quem votou em branco ou anulou seu voto, muito menos.
“O Brasil teve superávit de arrecadação”, diz mais uma manchete.
A notícia é boa? Para Lula, é. Para o contribuinte, esfolado até o calo por um governo voraz, não é.
Então, o que é “notícia boa” e “notícia ruim”?
Para quem a notícia é boa? Para quem é ruim?
Como é isso mesmo?
É preciso explicar bem. Se o presidente não explicar, fica parecendo que, mais uma vez, está falando o que não deve.
Fica parecendo que, à falta do que melhor falar, falou qualquer coisa. Falou uma coisa qualquer que não deveria ter falado, ainda que se reconheça o seu sagrado direito de criticar.
Lula não tem razão
Mas assim como ele tem razão de criticar, temos nós o direito de achar que ele não tem razão.
Há exemplos.
Quando o presidente foi a Tucuruí, em 2004, é certo que houve destaque para o papel jogado no chão, mas também foi dado destaque à inauguração da turbina que Lula foi inaugurar.
Outro exemplo: agora, desta vez, Lula voltou a Tucuruí para inaugurar a segunda casa de força da hidrelétrica. As manchetes dos jornais de hoje devem destacar esse fato. Mas espera-se que os jornais também destaquem o despropósito de Lula em suas críticas que mal disfarçam
Afinal, vale perguntar: a importância de uma notícia está na forma como é exposta ou no seu conteúdo? Está numa florzinha a mais ou a menos ou nas informações que preponderam nela? Está no tamanho da manchete, no tamanho do corpo (como a chamada a letra, em termos técnicos) ou realmente nas informações relevantes que a notícia correspondente contém?
Exemplo.
Suponha-se uma manchete assim, em todos os jornais do País e do mundo: “Lula é o maior presidente do País, em todos os tempos”. E um subtítulo: “O presidente brasileiro ganhou essa distinção num concurso feito pelos principais e mais influentes veículos de comunicação do mundo inteiro”.
Pronto. Feito isso, seguia-se a matéria, com louvores, elogios e distinções ao presidente Luiz Inácio da Silva, o maior presidente da história da Humanidade.
De todos os jornais do mundo que publicaram a notícia nesse sentido, um deles, apenas um, publicou ao pé da página, lá embaixo uma noticiazinha escondida, de duas colunas, com o seguinte título: “Presidente Lula demite todo o seu ministério”.
Vocês acham que, no dia em que os jornais chegassem às bancas, qual o que esgotaria primeiro: o que deu a notícia exclusiva, mas perdida no pé da página, ou aqueles que só deram a “notícia boa” com todo o destaque possível, do jeitinho que o presidente tanto gostaria?
Se você tivesse o dinheiro contado, qual o jornal que você compraria na banca: um daqueles publicaram a notícia sobre o título concedido a Lula ou aquele que, além dessa informação, trouxe aquela sobre a demissão coletiva do ministério?
Qual jornal você compraria, se pudesse comprar apenas um?
O que faz a importância de uma notícia?
Então, o que verdadeiramente faz a importância a importância de uma notícia? É apenas a forma como ela é apresentada ou é também o interesse que ela desperta em segmentos vários – um segmento que pode ser formado por cinco ou dez pessoas ou por 500 milhões de pessoas?
É bom mesmo que o presidente Lula critique a Imprensa.
É sinal de que ela vai bem.
Se não vai bem como gostaríamos que fosse, pelo menos vai melhor do que o presidente da República gostaria.
O que é melhor para a sociedade.
Muito melhor.
Pode não ser melhor para o presidente Lula, que só gostaria de aparecer comendo o bombonzinho de cupuaçu.
Mas é melhor para a sociedade.
É o que importa, afinal.
Com ou sem papelzinho de bombom de cupuaçu atirado no chão, é o que importa.
Pois é.
Em Tucuruí, Lula aproveitou para, novamente, baixar o malho na Imprensa. Disse que jornalistas só destacam o negativo.
Lembrou a primeira vez que esteve em Tucuruí, em novembro de 2004, para a inauguração de uma turbina e comeu um bombom de cupuaçu, jogando o papel no chão, entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então governador do Pará, Simão Jatene (PSDB). Ele reclamou que, apesar da importância da obra, no dia seguinte o destaque era a foto do papel do bombom jogado no chão.
Mas, afinal de contas, o que é mesmo que o presidente quer?
Ele quer que a Imprensa meça precisamente a quantidade de notícias negativas e positivas e as coloque umas ao lado das outras, no mesmo espaço?
O que é “notícia boa”? E “notícia ruim”?
E como é que as pessoas vão saber o que é uma “notícia positiva” ou “negativa” na acepção, na percepção de um presidente da República - seja Lula ou qualquer outro?
Como definir o que é uma “notícia boa” e uma “notícia ruim?”.
“O Remo ganhou”, estampa uma manchete.
A notícia é boa? Para os remistas, é. Para os bicolores, não.
“Duciomar é reeleito”, estampa outra manchete.
A notícia é boa? Para os amarelinhos, é. Para quem votou em Priante, não. Para quem votou em branco ou anulou seu voto, muito menos.
“O Brasil teve superávit de arrecadação”, diz mais uma manchete.
A notícia é boa? Para Lula, é. Para o contribuinte, esfolado até o calo por um governo voraz, não é.
Então, o que é “notícia boa” e “notícia ruim”?
Para quem a notícia é boa? Para quem é ruim?
Como é isso mesmo?
É preciso explicar bem. Se o presidente não explicar, fica parecendo que, mais uma vez, está falando o que não deve.
Fica parecendo que, à falta do que melhor falar, falou qualquer coisa. Falou uma coisa qualquer que não deveria ter falado, ainda que se reconheça o seu sagrado direito de criticar.
Lula não tem razão
Mas assim como ele tem razão de criticar, temos nós o direito de achar que ele não tem razão.
Há exemplos.
Quando o presidente foi a Tucuruí, em 2004, é certo que houve destaque para o papel jogado no chão, mas também foi dado destaque à inauguração da turbina que Lula foi inaugurar.
Outro exemplo: agora, desta vez, Lula voltou a Tucuruí para inaugurar a segunda casa de força da hidrelétrica. As manchetes dos jornais de hoje devem destacar esse fato. Mas espera-se que os jornais também destaquem o despropósito de Lula em suas críticas que mal disfarçam
Afinal, vale perguntar: a importância de uma notícia está na forma como é exposta ou no seu conteúdo? Está numa florzinha a mais ou a menos ou nas informações que preponderam nela? Está no tamanho da manchete, no tamanho do corpo (como a chamada a letra, em termos técnicos) ou realmente nas informações relevantes que a notícia correspondente contém?
Exemplo.
Suponha-se uma manchete assim, em todos os jornais do País e do mundo: “Lula é o maior presidente do País, em todos os tempos”. E um subtítulo: “O presidente brasileiro ganhou essa distinção num concurso feito pelos principais e mais influentes veículos de comunicação do mundo inteiro”.
Pronto. Feito isso, seguia-se a matéria, com louvores, elogios e distinções ao presidente Luiz Inácio da Silva, o maior presidente da história da Humanidade.
De todos os jornais do mundo que publicaram a notícia nesse sentido, um deles, apenas um, publicou ao pé da página, lá embaixo uma noticiazinha escondida, de duas colunas, com o seguinte título: “Presidente Lula demite todo o seu ministério”.
Vocês acham que, no dia em que os jornais chegassem às bancas, qual o que esgotaria primeiro: o que deu a notícia exclusiva, mas perdida no pé da página, ou aqueles que só deram a “notícia boa” com todo o destaque possível, do jeitinho que o presidente tanto gostaria?
Se você tivesse o dinheiro contado, qual o jornal que você compraria na banca: um daqueles publicaram a notícia sobre o título concedido a Lula ou aquele que, além dessa informação, trouxe aquela sobre a demissão coletiva do ministério?
Qual jornal você compraria, se pudesse comprar apenas um?
O que faz a importância de uma notícia?
Então, o que verdadeiramente faz a importância a importância de uma notícia? É apenas a forma como ela é apresentada ou é também o interesse que ela desperta em segmentos vários – um segmento que pode ser formado por cinco ou dez pessoas ou por 500 milhões de pessoas?
É bom mesmo que o presidente Lula critique a Imprensa.
É sinal de que ela vai bem.
Se não vai bem como gostaríamos que fosse, pelo menos vai melhor do que o presidente da República gostaria.
O que é melhor para a sociedade.
Muito melhor.
Pode não ser melhor para o presidente Lula, que só gostaria de aparecer comendo o bombonzinho de cupuaçu.
Mas é melhor para a sociedade.
É o que importa, afinal.
Com ou sem papelzinho de bombom de cupuaçu atirado no chão, é o que importa.
3 comentários:
Em primeiro lugar, preciso fazer uma ressalva: não sou partidária.
Quanto ao comentário do Lula, acredito que, ao menos em parte - pequena parte, diga-se - ele tem razão.
A grande imprensa deste país é partidária sim. Sabemos disso. Ops, sabemos? Algumas pessoas sabem, melhor dizendo. Conheço de perto pessoas que acreditam, sinceramente, que o Jornal Nacional, por exemplo, é imparcial.
E o que isso tem a ver? Tem a ver pelo fato de que a mesma medida não é usada nos variados governos. Lembro-me das muitas decisões/atitudes bizarras do então presidente FHC que, para a grande imprensa, passaram totalmente desapercebidas.
Daí, pergunto-me: no episódio de de Tucuruí, caso o presidente fosse o Serra, o papel da bala teria sido percebido?
Enfim, o que me incomoda não é o modo com que a grande imprensa lida com o Lula, com fulano ou sicrano. Incomoda mesmo é insistir nesta postura de "imparcial" e usar dois pesos e duas medidas conforme as suas orientações partidárias.
O ideal, para mim, é que jogasse francamente, aberto. Daí, quem sabe, os incautos - que não são poucos - tivessem a chance de receber a notícia previamente avisados.
Infelizmente, acho que tenho que me conformar. Do mesmo modo, o Lula. Ou será que ele, aos 30m do segundo tempo, ainda não entendeu quais são as regras do jogo?
Olá, Rita.
Acho que, na essência, você tem razão: a Imprensa não é imparcial, não. Tenta ser, mas não é.
Seguramente, todavia, é menos imparcial, por exemplo, que um jornal no PT ou do PSDB.
Especulemos.
Se o Serra jogasse o papel no chão, acho que ganharia destaque, sim, porque é uma falta de educação que se ajusta a ninguém, sobretudo a um presidente da República.
Mas, com certeza, a notícia não sairia no jornal do PSDB.
Assim como o papel que saiu no chão não saiu nos jornais e nos sites do PT.
Continuo achando que Lula não tem razão.
Seu comentário, todavia, tem pontos interessantes.
Vou levá-lo à ribalta, no início da tarde.
Abs.
Vocês estão discutindo bobagem.
Por que não falar da piteira que deram de presente para LULA ontem?
Dizem que ela a descartou, mas eu fico imaginando: se lhe dessem uma miniatura de alambiques de Abaeté, será que reclamaria do tamanho?
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