domingo, 16 de novembro de 2008

Interior sofre com a falta de médicos

No AMAZÔNIA:

Faltam médicos para trabalhar no interior. Quarenta e cinco dos 143 municípios paraenses não têm sequer um profissional com domicílio ou endereço registrado no Conselho Regional de Medicina. Outros 79 têm menos de dez médicos para atender toda a população. Os dados são de um levantamento recente do CRM Pará que aponta uma concentração de 74,89% dos médicos na capital - 4.171 dos 5.569 profissionais registrados no Estado estão concentrados em Belém.
Os 21,87% que atendem à população do interior do Estado, ainda assim, estão mal distribuídos. Regiões como a ilha do Marajó, onde dezenas de pequenas comunidades estão isoladas pela distância, sofrem com a falta de profissionais e serviços básicos de saúde. Não há hospitais e o atendimento de urgência e emergência tem que ser feito na capital - a horas de barco.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a proporção ideal de médicos por grupo de habitantes seria de um para 1.000. O Pará, com 5.569 médicos registrados para atender 6.970.586 pessoas (de acordo com os números do último Censo do IBGE), estaria muito bem nessa conta, com 1,25 médico por 1.000 habitantes, não fosse o fato de que 73 municípios do interior do Estado não dispõem de nenhum ou de apenas um médico. O dado é perverso: 86,71%, ou seja, 124 dos 143 municípios, estão sujeitos a uma proporção menor do que essa, com apenas dez profissionais para todos os habitantes.
O médico e diretor do CRM Amaury Braga Dantas, que coordena na Universidade Federal do Pará (UFPA) um programa de interiorização dos cursos na área de saúde, enumera uma lista de barreiras que afastam os profissionais de medicina do interior. Entre elas, há seis pontos principais: o desconhecimento, por parte dos médicos, das realidades regionais; o financiamento deficiente da área da saúde e a inexistência de um projeto Institucional de responsabilidade do Estado. Os profissionais que 'se aventuram' no interior enfrentam precariedade dos serviços e até irresponsabilidade das prefeituras em arcar com propostas de salário, às vezes mirabolantes. Outro ponto relevante é a ausência de um plano de carreira que considere tempo de serviço, qualificação e estimule o vínculo único e a dedicação exclusiva.
Amaury coordenou uma pesquisa com médicos que tiveram experiência de trabalho em municípios do interior do Estado e constatou que algumas aflições pessoais dos profissionais interferem na escolha pelo trabalho na capital.
37% dos médicos entrevistados apontaram o isolamento afetivo da família como o principal fator para não trabalhar no interior. Outros 31% responderam que o fator mais importante é o isolamento técnico, relacionado à falta de condições de trabalho e de outros profissionais; 17% alegaram questões relacionadas com qualificação profissional e 9% reclamaram da remuneração incerta.

Um comentário:

Anônimo disse...

O Professor Amaury com todo respeito, juntamente com a Pfofessora Regina Feio, os Professores Alcântara e Galeno, a Professora Tânia estão enterrando o Curso de Medicina isso sim. Não entendem nada de Ensino e muito menos de Saúde num Estado com tantas dificuldades como o nosso . Grandes Burocratas e despreparados para a Gestão .