domingo, 16 de novembro de 2008

Boa remuneração x falta de condições

No AMAZÔNIA:

Não é preciso procurar muito para encontrar ofertas tentadoras de emprego em cidades do interior. Tanto o Sindicato dos Médicos quanto o Conselho Regional de Medicina mantêm bancos de vagas atualizados com salários que superam, em muito, os oferecidos em Belém.
As prefeituras contatam o sindicato e o CRM, anunciam o salário e até condições de trabalho para o profissional. Algumas propostas falam em carga horária reduzida e despesas com moradia e alimentação pagas. Apesar de tantos atrativos, muitas vagas não chegam a ser preenchidas - os médicos simplesmente se recusam a sair da capital.
A prefeitura de Rurópolis - uma cidade pequena, com pouco mais de 30 mil habitantes, às margens da BR-163, oeste do Estado -, por exemplo, oferece contratação imediata de um clínico geral, com salário de R$ 20 mil e moradia paga. A vaga está em um anúncio no site do Conselho Regional de Medicina desde o início de outubro e até o fechamento desta edição não havia sido preenchida. 'Muitos médicos não ganham isso em Belém trabalhando em três, quatro empregos', diz o médico Luiz Antônio de Sena Fonseca, que por dez anos trabalhou no interior. 'Mas às vezes não é só a remuneração que importa'.
Quando terminou o curso de Medicina em Belém, em 1996, Sena recebeu a proposta de trabalhar em Muaná, região central da Ilha do Marajó. 'Na época, eu não pensei duas vezes. Fui pra ganhar dinheiro e experiência. Mas não sei se voltaria hoje', diz. Há dois anos ele voltou à capital para fazer um curso de especialização.
Sena trabalhou em Muaná, Marabá, Paragominas, Abaetetuba, Santo Antônio do Tauá. Chegou a consultar pacientes e até fazer pequenas cirurgias dentro de embarcações no Alto Afuá, no Marajó. 'Nesses municípios menores há problemas em relação a equipamentos, a exames complementares. Fora isso, você não tem acesso à atualização médica, a gente fica meio isolado. Algumas cidades nem tem internet. Agora, eu trabalho no Cotijuba aos finais de semana. Aqui nas ilhas de Belém já é uma dificuldade em relação a materiais, exames complementares, imagina lá, no meio do Marajó'.

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