No AMAZÔNIA:
Ao vencer de virada o Atlético-GO por 2 a 1 ontem à tarde, o Águia conseguiu ir para a última rodada da Série C do Campeonato Brasileiro dependendo só das próprias forças para chegar a uma das quatro vagas para a Segundona. É um feito e tanto para um time sem tradição em competições nacionais e com uma estrutura bem menor a de todos os últimos oito na disputa, mas é uma missão ainda complicada. Para não depender da combinação de nenhum outro resultado, o time paraense precisa vencer o Guarani-SP no próximo domingo em Campinas. O problema, além do óbvio favoritismo do Bugre em casa, é que não só ele como quase todos os outros times ainda lutam pelo acesso. As exceções são o Atlético-GO, já campeão da Terceirona, e Rio Branco-AC e Confiança-SE, estes sem chances matemáticas.
Com o fim da 13ª rodada o Azulão ficou na quinta colocação do octogonal decisivo do campeonato, mas como está tudo embolado, tem ainda chances reais. Por mais que o panorama não seja dos melhores, haja visto os últimos jogos do time paraense fora de casa, há de se reconhecer o feito do clube de Marabá. Com uma folha salarial que não alcança um terço de Paysandu e Remo e sendo totalmente desconhecido de todos os outros, o time já pode ser considerado a principal surpresa das três divisões do futebol nacional.
Ontem, ao despedir-se do solo paraense em jogos oficiais na temporada, os comandados de João Galvão saíram de campo de cabeça erguida. Mostraram superação e garra numa equipe com um desgaste físico e emocional latente. Brigaram, correram e seguraram o sufoco no final quando as pernas já não respondiam ao que a cabeça mandava.
O Águia já fez seu papel. Mas isso não quer dizer que estão satisfeitos. Como bem disse o goleiro Ângelo logo depois do apito final: 'Chegamos muito longe e não sei quando teremos uma oportunidade como essa. Vamos a Campinas em busca desse sonho que é a Série B'. Mas não há como negar que, seja qual for o resultado no interior de São Paulo, o time paraense tem que ser louvado.
Um elenco composto quase que unicamente por jogadores locais e quase todos renegados pelos grandes da capital e comandado pelo técnico mais original em seu comportamento na Série C tem que ser exaltado. O time do Águia, que no começo da competição era olhado como um grande sucatão, deu um exemplo de superação e união em torno de um bem comum. Todos dentro do grupo sabem que essa é a oportunidade da vida deles.
Quanto a Galvão, que tem que dividir parte dos méritos desse time com Vítor Jaime, treinador que montou grande parte do elenco vice-campeão paraense, é uma das figuras mais interessantes dessa reta final de Brasileirão. Taxado de 'bocudo', fanfarrão e até desrespeitoso por alguns adversários, ele nada mais é do que um profissional que fala que seu time vai jogar para vencer, seja dentro ou fora de casa. Não à toa que o Águia, junto com Guarani-SP e Atlético-GO, faz parte do grupo que mais venceu como visitante na Série C - com cinco vitórias. Galvão é o maior exemplo que quem não faz parte do politicamente correto no futebol de hoje é mal visto. Melhor para ele.
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