sábado, 3 de maio de 2008

Em defesa do Fenômeno

Sob esse título, leia abaixo o artigo de Barbara Gancia, na Folha de S.Paulo:

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Nada como se colocar no lugar do outro para pôr os fatos em perspectiva. Imagine, por um momento, que você está afastado do trabalho, anda macambúzio, sem muita motivação e quase nada para fazer a fim de ocupar o tempo. De lambuja, você padece de dores no joelho e está fora de forma.
Para aplacar o tédio ou, quiçá, tentar o beiçudo com vara curta (a mente ociosa não é a oficina do demônio?), você comete uma bobagem colossal, do tipo que não gostaria que ninguém ficasse sabendo. Muito menos seu filho, sua cara-metade, seus pais, seu empregador e todas as pessoas que o admiram.
Só que, além dessa gente, todos os outros seres do planeta Terra que saibam ler, assistam TV ou gostem de futebol vão acabar tomando conhecimento do seu deslize. Deu para sentir o cheiro da brilhantina?
O nobre leitor pode achar ou não o fim da picada a história da noite de Ronaldo com travestis, mas um fato permanece: as pessoas fazem besteiras. Com ou sem dinheiro, fama, sucesso e apoio de familiares e amigos, não há quem não pise no tomate de tempos em tempos.
É melancólico e até meio patético que Ronaldo tenha escolhido cometer a sua a caminho do ocaso futebolístico. Mas, a despeito de todas as conseqüências que o gesto impensado do ídolo, embaixador da Unicef e garoto-propaganda possam vir a provocar, ao ver Ronaldo na TV com aquele ar desamparado de mendigo de porta de igreja, senti vontade de pegá-lo no colo, de passar a mão em suas costas e dizer: "Pronto, já passou, já passou, está tudo bem".
Meu arroubo maternal está respaldado na crença de que existem coisas piores do que tomar uma decisão inconseqüente no meio da madrugada. Acho também que, nos dias que correm, é legítimo confundir alhos com bugalhos. Não vou citar nomes da terra a fim de evitar pendências judiciais, mas o nobre leitor deve estar familiarizado com mulheres como Donatella Versace, Cher, Melanie Griffith, Meg Ryan e Madonna, não?
Pois então. São tantos os cortes, recortes, enxertos e buriladas que essas distintíssimas senhoras apresentam nos lábios, olhos, bochechas e no pescoço, que eu me pergunto se, às duas da "mattina", alguma delas não poderia ser facilmente confundida com um travesti.
Ou será só impressão minha de que as cirurgias plásticas e a funilaria praticada em consultórios de dermatologia deixaram a mulherada toda com cara de quem trabalha percorrendo as calçadas de Roma, Milão ou Paris?
E tem mais: chiem os puristas o quanto quiserem, mas, para esta humilde datilógrafa que vos fala, homens são reféns de seus pingolins. Dou um exemplo básico: o sujeito está na praia tomando sol e sente aquela vontade de chupar um picolé de limão. Na hora em que começa à se deslocar na direção do carrinho de sorvete a procura de seu refresco, o pobrezinho avista uma bonitona saindo da água em trajes sumários, com reluzentes gotas de água escorrendo pelo corpo banhado de sol.
Será que nosso herói irá virar a cara e continuar indo a passos determinados em direção ao picolé ou ele acabará sucumbindo aos desejos de seu mestre e mandando a Kibon e a Yopa às favas junto com mulher, filhos, sogra e cachorro a fim de continuar admirando a paisagem?

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