Na FOLHA DE S.PAULO:
Menos de um mês depois de a agência de classificação de risco Standard & Poor's conceder o chamado grau de investimento para o Brasil, a concorrente Fitch Ratings também decidiu reconhecer o país como um local seguro para investimentos financeiros. O selo de qualidade, em tese, abre as portas para investidores com políticas conservadoras, como grandes fundos de pensão americanos, aplicarem em papéis do governo e de empresas brasileiras.
Longamente antecipado pelos mercados, o "upgrade" atribuído pela Fitch à melhora na situação fiscal e nas contas externas foi recebido com sabor de "déjà vu". Diferentemente da euforia vista com o primeiro grau de investimento, há um mês, a Bovespa fechou ontem em baixa de 1,85% -chegou a subir 1,05%-, num dia positivo nos mercados internacionais.
Shelly Shetty, diretora-sênior da Fitch, atribui a melhora na avaliação à solidez das contas externas e fiscais, além do compromisso com a estabilidade econômica tanto das autoridades do governo quanto dos atores do cenário político.
"A alta do "rating" reflete uma melhora dramática das contas externas e fiscal do Brasil, que tem reduzido a vulnerabilidade em relação aos choques externos e cambiais... As autoridades têm estabelecido um caminho de compromisso com a inflação baixa e com o superávit primário, que vêm eliminando as antigas preocupações sobre a sustentabilidade fiscal", afirmou a Fitch em nota.
Para Fernando Blumenschein, da FGV Projetos, o selo da Fitch dá mais um aval à relativa solidez da situação fiscal do país, mas o cenário externo de crise pode diminuir seu efeito benéfico, já embutido na maioria dos preços de papéis brasileiros. "Há três anos, estudos já diziam que o Brasil teria grau de investimento em 2008 ou 2009. Isso antecipou decisões de investimento", disse.
"O "upgrade" não foi exatamente uma surpresa, daí a recepção do mercado. Não acho que isso abra as portas para uma enxurrada de dinheiro, até porque a crise internacional secou o dinheiro dos bancos e dos investidores. E, depois, a decisão de [um fundo] investir leva um tempo", disse o economista Cristiano Souza, do Banco Real.
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