Na FOLHA DE S.PAULO:
Embora não o tenha citado formalmente em seu programa de rádio ontem, o ex-governador Anthony Garotinho responsabiliza indiretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela acusação da PF (Polícia Federal) de que é o chefe político de uma quadrilha armada. Para ele, a PF agiu de modo diferente com os ex-dirigentes petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.
"Será que eles [policiais] revistaram a casa do José Dirceu, acusado de estar envolvido com milhões do mensalão? Será que revistaram a casa do José Genoino, presidente do PT acusado de um monte de crimes? Será que revistaram a casa do Delúbio Soares, o tesoureiro do PT?", perguntou aos ouvintes do "Fala Garotinho" programa diário transmitido pela rádio Manchete AM do Rio.
Garotinho disse ser vítima de perseguição política por ser opor ao governo federal e ao seu modelo econômico: "Eles querem me difamar, me caluniar porque é ano de eleição", falou, possivelmente de sua casa, na zona sul, por telefone.
Por causa da acusação e da busca judicial ocorrida em sua casa, Garotinho preferiu participar à distância do programa que apresenta. Coube a sua filha mais velha, Clarissa Matheus, comandar o "Fala Garotinho". Líder da juventude do PMDB, cujo diretório estadual é presidido pelo pai, Clarissa chorou durante a programação, assim como ouvintes que participavam dos debates.
O ex-governador procurou tranqüilizá-los, afirmando entender as motivações do que chamou de "perseguição".
"Tenho absoluta certeza de quem está por trás disso. Vou esperar o momento oportuno para dizer. Tenho a absoluta convicção do que está por trás disso. Quem e o quê. (...) Tenho sido um homem ao longo da minha vida bombardeado pelas minhas posições. Sou nacionalista, defendo o Brasil, amo o meu país. Eu tenho denunciado todas as tentativas de prejudicar o nosso país, através dos bancos, através de grandes empresas que querem sugar o sangue do nosso povo brasileiro."
Garotinho afirmou que Lula repetiu em seu governo programas sociais que ele implantou em Campos (sua cidade natal) como prefeito, e no Estado do Rio, como governador.
"Eu sou um político que defendo os pobres, os mais humildes, as pessoas mais simples. Sempre fui assim. Fiz uma opção na minha vida pelos mais necessitados. Por isso algumas vezes sou até mal compreendido, sou chamado de populista, sou chamado de demagogo. (....) As minhas políticas públicas, quando imitadas pelos outros... isso não é chamado de populismo. Eu criei o Cheque Cidadão. Aí é populismo. O Lula copiou e criou o Bolsa Família. Aí não é populismo. Eu criei um programa muito bonito de proteção a criança desde que era prefeito da cidade de Campos. Isso é populismo. Aí o Lula cria um programa para incentivar a criança. Aí não é populismo."
Garotinho rebateu a acusação de que é o chefe político de uma quadrilha armada. "Eu nunca peguei num revólver para dar tiro na minha vida. As pessoas que me conhecem sabem que a única arma que eu uso é a Bíblia", declarou.
Pelo segundo dia consecutivo, a Folha tentou falar com o ex-governador. Anteontem, sua assessoria informou que ele não daria entrevista. Ontem, nem os assessores responderam aos telefonemas.
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