quarta-feira, 28 de maio de 2008

Corregedor pede ao Conselho de Ética cassação de Paulinho

Na FOLHA DE S.PAULO:

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, abriu ontem investigação para analisar processo relacionado ao deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, suspeito de participação em esquema de desvio de recursos públicos.
Na Câmara, o corregedor-geral da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), apresentou parecer pela cassação e encaminhou relatório ao Conselho de Ética que terá 90 dias (prorrogáveis por mais 90 dias) para se manifestar sobre o caso.
Na última sexta-feira, Antonio Fernando Souza recebeu do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, um CD de mais de 2.000 páginas com a íntegra da investigação realizada pela Justiça de São Paulo.
Ele decidiu abrir investigação interna para agilizar a análise de todo o relatório. Com o resultado da análise e se entender que há elementos suficientes que indiquem irregularidades, Antonio Fernando poderá pedir a abertura de inquérito contra Paulinho no STF.
"As iniciativas vão depender da convicção que esses documentos possam motivar", disse o procurador.
Já o corregedor Inocêncio Oliveira recolheu assinaturas dos sete integrantes da Mesa Diretora que concordaram, por unanimidade, com o seu parecer e com o envio ao conselho por quebra de decoro parlamentar.
"Existe uma palavra mais forte do que gravíssimo? Esta é a situação dele [Paulinho]. Tudo demonstra que teve uma participação importante [no esquema investigado] na Operação Santa Tereza. Não tenho a menor dúvida de sua culpabilidade, esse é um caso de perda de mandato", disse Inocêncio ao entregar seu parecer ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
O corregedor se reuniu na sexta-feira com Antonio Fernando, quando conheceu mais detalhes da investigação. Ontem pela manhã, Inocêncio recebeu da Diretoria Geral da Casa relatório mostrando que João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho e suposto lobista, esteve na Câmara 39 vezes e, em 12 delas, no gabinete do congressista.
Inocêncio também teve acesso a notas fiscais que apontam pagamento com dinheiro da verba indenizatória de Paulinho a Antonio Diniz (assessor da Força Sindical) e Luiz Fernando Emediato (presidente do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador). Eles receberam valores que variam de R$ 2,25 mil a R$ 5 mil por mês desde fevereiro de 2007 para trabalho de consultoria. Segundo o corregedor, o pagamento é "suspeito" porque Diniz e Emediato são ligados à Força.
"Essa é uma questão de honra para a Câmara. A opinião pública já condenou Paulinho, temos obrigação de zelar pela imagem da instituição. Quero pedir ao Conselho de Ética que corra com esse processo, pois tenho a consciência tranqüila de que não estou fazendo nenhuma injustiça, nem preciso ouvir Paulinho de novo", afirmou Inocêncio.
Segundo o corregedor, o telefonema do advogado Ricardo Tosto para Paulinho interceptado pela PF, em que o congressista diz que "mexeria os pauzinhos" na Câmara em favor de Tosto, já comprova quebra de decoro e sustenta a cassação. Inocêncio disse ter recebido cópias do cheque de R$ 37,5 mil que Moura destinou à ONG Meu Guri, presidida por Elza Pereira, mulher de Paulinho. Para ele, é prova de que a instituição recebia verba proveniente do esquema do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"Tenho certeza absoluta de que "PA" e Paulinho são a mesma pessoa. Recebi parte dos documentos da PGR e para mim não há mais dúvida."

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