No AMAZÔNIA:
Depois de quatro dias de paralisação, o transporte urbano de Belém retorna à normalidade hoje. Ontem, o Tribunal Regional do Trabalho determinou a volta ao trabalho e concedeu aos rodoviários um reajuste salarial de 6%, além de ganhos sociais. Mas os 5 mil motoristas e cobradores de Belém terão que pagar pelos dias parados porque impediram a circulação de 40% da frota. Os 4 mil de Ananindeua e Marituba não serão punidos.
O fim da greve foi decidido em sessão do TRT que julgou o dissídio coletivo da categoria, já que o acordo entre as partes não foi possível. Foram sete horas de análises das cláusulas propostas por patrões e empregados. Ao final, os rodoviários comemoraram conquistas e os empresários demonstraram insatisfação, mas minimizaram algumas perdas.
O TRT determinou reajuste salarial de 6%, aumento do tíquete alimentação para R$ 242,00 (10%) e retorno do pagamento de triênio. Também aumentou o repasse de recursos para o serviço de assistência médica dos trabalhadores que, no caso de Belém, passará a R$ 90 mil e, de Ananindeua, a R$ 18 mil.
Os trabalhadores tiveram, ainda, ganhos como a inclusão da meia hora gasta diariamente com prestação de contas das viagens nas horas extras - eles reclamavam que eram obrigados a permanecer além da jornada para apresentar a conta - e fim do desconto salarial (40 passagens) quando ocorrerem assaltos aos ônibus.
Os desembargadores não aprovaram o pedido dos rodoviários de manter a jornada de trabalho diária de 7h20. Acatando proposta dos empresários, eles determinaram oito horas diárias, com intervalo para almoço. A jornada corrida, alegaram, tem provocado uma enxurrada de reclamações trabalhistas em busca de pagamento de horas extras.
Apesar da manutenção da jornada corrida constar na pauta trabalhista, o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Belém, Altair Brandão, minimizou as perdas, alegando que eles já cumprem oito horas diárias. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte (Setransbel), Mário Martins, também previu baixo impacto nos custos empresariais porque as 44 horas semanais foram mantidas.
Mário Martins disse desconhecer o desconto dos assaltos, ainda mais após a colocação das câmeras nos ônibus. Ele apontou ganhos dos trabalhadores acima da inflação, como o do tíquete alimentação, mas disse que os percentuais já estavam definidos na audiência de conciliação realizada pela Justiça na noite de quinta-feira.
TRT declara greve abusiva e multa ao sindicato
O TRT 8ª Região considerou abusiva a greve dos rodoviários de Belém e impôs ao sindicato da categoria multa de R$ 20 mil pelos dois dias em que a frota em circulação não chegou a 40%. Os trabalhadores da capital também terão que pagar pelos dias parados.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários de Belém, Altair Brandão, considerou a penalidade como ônus da greve pela melhoria salarial. O mesmo entendimento tiveram os desembargadores que só livraram os rodoviários de Ananindeua e Marituba porque seria contraditório não considerar a greve deles abusiva e determinar descontos.
Segundo o diretor do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Roberto Sena, os reajustes representam ganho real para os trabalhadores. O salário teve apenas a reposição da inflação, mas o tíquete teve aumento de 10% e a assistência médica, 12%. Com isso, o salário de um motorista de Belém passou para 1.216,05 (soma do salário base de 974,05 com 10% do tíquete).
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2 comentários:
Paulo,
Acompanhando a greve dos rodoviários, uma coisa chamou-me atenção. Toda greve os rodoviários param a cidade, não conseguem colocar um percentual de trabalhadores para rodar e nesse aspecto parece que a malícia é mais dos patrões que do sindicato, enfim. Mas nos últimos anos que assisti aos julgamentos, o empenho da advogada Mary Cohen para que o sindicato não fosse multado foi sempre um grande exemplo para os advogados de sindicatos. Procurei informar-me com os colegas que estão há mais tempo militando no TRT e confirmaram o que estou dizendo.
Opinião à parte quanto à justeza das reivindicações dos rodoviários e seus métodos, não poderia deixar de externar minha opinião sobre a advogada que várias vezes assisti na tribuna do TRT defendendo os rodoviários. Este ano perderam os dias, tiveram a jornada aumentada e ainda vão pagar multa. Parece que mudou a assessoria pelo que soube, e a estratégia também.
Anônimo,
Bem notado.
Vou postar seu comentário na ribalta, neste domingo à tarde.
Abs.
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