quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sem-terra invadem prédios públicos e miram área urbana

Na FOLHA DE S.PAULO:

Na véspera do 12º aniversário do massacre de Eldorado do Carajás (PA), trabalhadores rurais, liderados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), promoveram ontem o dia mais turbulento do chamado "abril vermelho", com ações focadas em áreas urbanas e órgãos públicos.
Além dos tradicionais bloqueios de estradas e invasões a fazendas, os sem-terra entraram em secretarias estaduais e agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.
Segundo líderes do MST, a movimentação de hoje deve ser ainda mais intensa. "E os próximos dias também, dependendo de como as negociações com o governo vão evoluir", disse José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST.
As principais reivindicações são as conhecidas: mais assentamentos de famílias e investimentos na produção agrícola. "Nossa pauta já está amarelada", disse Oliveira, para quem a insistência se deve à demora na resolução das exigências.
Ontem, foram ao menos 53 atos em 15 Estados e no Distrito Federal, sem registro de conflitos. Desde o início do "abril vermelho", foram feitas outras 47 ações.
No Rio, manifestantes interromperam, por pouco mais de uma hora, o trânsito nas duas pistas da rodovia Presidente Dutra, no quilômetro 242.
Segundo a direção do MST no Rio, de 200 a 300 famílias participaram da manifestação. Além do fechamento da Dutra, foram ocupadas uma agência da Caixa Econômica Federal em Campos (RJ) e outra em Volta Redonda (RJ).
No Pontal do Paranapanema (oeste de SP), cerca de 200 integrantes do MST bloquearam a entrada de três agências do Banco do Brasil em Teodoro Sampaio, Euclides da Cunha Paulista e Rosana.
Bancos de 14 cidades do Paraná também foram alvo dos sem-terra, que exigiam a criação de um novo crédito agrícola que dê infra-estrutura a assentamentos. Outras agências em cinco cidades de Santa Catarina e em seis municípios do Espírito Santo foram palco de manifestação.
Em Bauru (350 km de SP), o MST invadiu o prédio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Segundo o membro da direção estadual do movimento, Lourival Plácido de Paula, os sem-terra cobram a entrega de cestas básicas atrasadas aos acampados.
Na capital paulista, sem-terra entraram na Secretaria da Justiça, pedindo a "federalização dos hortos florestais", segundo nota do MST.
No Rio Grande do Sul, outra secretaria estadual, a da Agricultura, foi invadida. A desocupação aconteceu só após o chefe da Casa Civil gaúcha aceitar recebê-los. Outros manifestantes ainda estavam no pátio da sede do Ministério da Fazenda, em Porto Alegre, até a conclusão desta edição.
Em Goiás, houve obstrução das BRs 153 (em Porongatu) e 060 (Varjão). Em Bom Jardim de Goiás, sem-terra entraram em uma agência do Banco do Brasil. O MST também afirma que 200 famílias ocuparam ontem fazenda em Crixás.
Em Sergipe, aconteceram invasões a fazendas de três municípios e a uma agência do Banco do Nordeste, em Carira.
Houve um bloqueio também na entrada do porto de Maceió (AL). O embarque e desembarque de carga em quatro navios ancorados no local foi suspenso. Até o início da noite, o bloqueio continuava.
No Pará, um grupo de cem agricultores do MST fez uma caminhada na região central da capital Belém.

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