quarta-feira, 9 de abril de 2008

Nery diz que polêmico seria garantir apoio à Vale

Em resposta a acusações de que o senador José Nery (PSOL), ao apoiar o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), estaria ferindo o Estado Democrático de Direito, o parlamentar, através de sua Assessoria de Imprensa, distribuiu a seguinte nota de esclarecimento:

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O senador José Nery lamenta as sucessivas tentativas de criminalizar os movimentos sociais no Pará. É uma pena que muitos bandidos do colarinho branco não recebam, por parte da imprensa, o mesmo tratamento que vem sendo dado ao MST, movimento popular legítimo.
O senador reitera que apóia as reivindicações do MST e dos garimpeiros e torce para que haja sensibilidade de todos para a negociação.
O respeito ao Estado Democrático de Direito deve se caracterizar pelo cumprimento das leis, não apenas a lei do direito de propriedade, mas também a lei que determina a função social dessa mesma propriedade.
O senador apóia o movimento, mas não tem qualquer ingerência sobre as formas que o MST escolhe para fazer suas reivindicações. Reitera, contudo, que para ele - mas do que as manifestações dos movimentos sociais - o que provoca caos, baderna e escuridão é a eterna arrogância e prepotência de empresas e governos que se recusam a sequer ouvir os movimentos sociais.
Por fim, o senador José Nery gostaria de esclarecer que não vê polêmica em sua ida ao Sul do Pará e apoio aos sem terra e garimpeiros, considerando-se sua história de vida e de seu partido, o Psol, sempre comprometidos com as causas sociais.
Polêmico seria se um representante do povo com essa história fosse ao sul do Pará levar apoio à Vale do Rio Doce.

7 comentários:

Anônimo disse...

Nery tem razão.OS CRIMES DE COLARINHO BRANCO DEVERIAM SER CONSIDERADOS HEDIONDOS, POIS CAUSAM GRANDES PREJUÍZOS SOCIAIS.VEJA OS INÚMEROS CASOS NO PARÁ ENVOLVENDO ATÉ MEMBROS DO MP.

Anônimo disse...

Mas dizer que o MST é "legítimo" já é um tanto demais.
Há muito que o MST perdeu o rumo "social" e passou a ser político-revolucionário.
Como pode ser legítimo um movimento que não respeita a ordem institucional?
O que vale para os outros não vale para o MST? Por que?
Por que será que o MST não existe como pessoa jurídica? Não seria apenas uma maneira de escapar das responsabilidades do estado de direito?
Por que não lutam dentro da legalidade?
E os inúmeros assentamentos e ocupações que são retalhados e pós-revendidos como mera transação de terras, fartamente comprovado?
Não, legítimo, definitivamente não.

Anônimo disse...

PB,

lamentável o posicionamento do senador, a quem até agora admirava o proceder honesto e corajoso, apesar de discordar completamente de dua prática política.
A resposta, com todo repeito ao nobre e valente e Nery, é repleta de má fé. Primeiro, não se trata de criminalizar os movimentos sociais, apenas de cobrá-los e, se for o caso, puni-los pelos crimes que cometem. Ninguém está "tentando" criminalizar nada, a decisão de cometer crimes é dó próprio movimento.
O trecho sobre o apoio do senador ao movimento, novamente com todo o respeito, é um exemplo acabado de desonestidade intelectual: o senador apóia o movimento, mas nada tem a ver com os seus metódos. Ora, senador, então retire o seu apoio. Ou condene claramente os metódos- ou, se for o caso, apóie claramente movimento e métodos. Mas não "lave as mãos", não lhe fica bem.
Por fim, não se trata de defender de Vale que, de resto, é rica o suficente para não precisar de defensores. A defesa aqui é do Estado de Direito, da afirmação de quem ninguém está acima de lei, nem os movimentos sociais.
Também é bocó achar que só a Vale é prejudicada pela ação dos sem-terra. A realidade envolvida é beeem mais complexa, senador.
Esqueça-se, portanto, a Vale. Vamos defender exatamente as leis que garantem, entre outras coisas, que tenhamos no Senado um bravo senador do Psol de Abaetetuba. Se elas, neste caso, vão favorecer à Vale, paciência.Afinal, não seremos oprotunistas de achar que as leis só devem ser cumpridas quando atendem aos nosso projetos pessoais- característica que, tenho certeza, também nada tem a ver com senhor.

abs

Marcelo Vieira

Poster disse...

Leitores,
Acho que o comentário de vocês vale para a ribalta. Vou postá-los lá.
Abs.

Anônimo disse...

Querido Paulo,

Não posso deixar de manifestar-me ao pronunciamento do Senador José Nery e fazer uma reflexão acerca da tentativa da Vale e da grande mídia de criminalizar o movimento dos trabalhadores sem terra.

Surgido em 1984, o MST encarnou a luta de muitos que, no passado, também lutaram pela dignidade e por um mundo mais justo e solidário, como uma continuidade da luta de Zumbi dos Palmares, Movimento da Cabanagem, Antônio Conselheiro e tantos outros. Tornou-se o movimento social do campo que assimilou todos os gritos e clamores de um povo que há mais 500 anos vem sendo explorado e oprimido.

Penso que a grande lição do MST não são as ocupações e suas indignações legítimas, mas, a de ensinar para a sociedade brasileira que o campo e o mundo camponês estão vivo, estão em movimento. Não se pode simplesmente ignorar sua existência, como tentaram fazer ao longo dos séculos. Ele nos provoca quando questiona as estruturas sociais e a cultura política que as legitima, totalmente divorciadas da missão de construir um Brasil para todos.

Não podemos olhar o MST a partir do olhar da grande mídia, não raro a serviço das estruturas acima mencionadas. O MST congrega o povo da roça, os trabalhadores rurais, agricultores, camponeses e as familiares pobres e expulsas pelo latifúndio.

Acredito que para entender isso, temos que nos despir dos preconceitos com relação aos grupos que fogem dos padrões de comportamento estipulados pela sociedade dominante.

A grande mídia e agora a Vale, defendem a idéia de que o MST é um movimento de vândalos, baderneiros e de vagabundos que "invadem" a propriedade privada de pessoas boas, sérias e que nunca fizeram mal a ninguém, sem nenhum aceno para a diferenciação, no aspecto sociológico, entre ocupar e invadir.

A quem interessa realmente que o MST se torne um movimento sem credibilidade para a sociedade brasileira? Qual é o conceito de vandalismo utilizado pela mídia, pela Vale para caracterizar as ações do MST nestes últimos tempos?

Interessa àqueles que se utilizam da mídia para inculcar na consciência do povo brasileiro um conceito ou pré-conceito em relação às ações do MST. Esqueceram-se somente de dizer que a grilagem, o trabalho escravo, assassinatos de trabalhadores rurais, religiosos e agentes pastorais, exploração do trabalho infantil, prostituição de crianças e adolescentes, além de crimes hediondos, são atos de vandalismos.

E mais hediondo e vândalo ainda é o próprio latifúndio.

Mary Cohen
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/PA

Anônimo disse...

Como a patacoada idiotizante dos Willians -Waacks, Bonners e quejandos - ressoa alto até na mente de intelectuais de respeito. Chega a ser assustador.
Só não dói mais porque é evidente que algumas poucas e humildes leituras de história, política e economia resolvem esse discurso manco bem rápido. A lei, ora a lei, em tão altos brados clama-se pela lei para detratar o MST. Não existe no ordenamento jurídico brasileiro nenhuma lei que impeça a livre associação. Não existe, desde a carta de 88, nada que obrigue um movimento a se tornar pessoa jurídica, ou vocês estão achando que os sem-terra são como os bundões dos jornalistas, que aceitam se transformar em empresas pra continuar empregados?
E também não existe nenhuma mudança na lei e na ordem sem movimentos sociais legítimos. Legitimidade não é algo que se obtém apenas dentro da lei. Legitimidade é o que falta à Cia Vale do Rio Doce, assim como lhe falta legalidade. O que dá legitimidade a um movimento social, inclusive, é o teor e o tamanho das vozes que com ele se incomodam. Isso vocês, todos vocês que foram engolidos pelo coro dos contentes e não demonstram independência intelectual nenhuma, podem descobrir facilmente ousando aquelas leiturazinhas que referi acima. Celso Furtado, Milton Santos, Ariovaldo Umbelino Oliveira, apenas ousem arriscar algo mais do que a revista Veja e as palavrinhas preconceituosas do jornal nacional.

Poster disse...

Olá, Mary.
Seu comentário também merece ser postado. Vou fazê-lo ao longo desta sexta, para estimular o debate.
Abs.