quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Dinheiro de fraudes financiaria até campanha eleitoral

O juiz federal substituto da 3ª Vara, Leonardo Augusto de Almeida Aguiar, informou que já estão presas todas as 31 pessoas acusadas de integrar quadrilha que vinha fraudado a Previdência Social por meio da concessão de milhares de benefícios.
Entre os nomes dos envolvidos, há policiais, contadores, intermediários, médicos peritos, servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e até um falso médico (veja a relação abaixo). Os interesses na obtenção de dinheiro ilícito incluíam o financiamento da campanha eleitoral de um dos presos, Rosenil dos Santos Barros, que teria pretensões de candidatar-se vereador por Belém nas eleições de outubro deste ano.
Todos os envolvidos foram presos na manhã desta quarta-feira durante a Operação Flagelo, conduzida pela Polícia Federal com autorização do magistrado. As diligências tiveram a participação de cerca de 140 agentes de Belém, do interior do Pará e de Brasília. As buscas e apreensões determinadas pelo juiz da 3ª Vara nas agências do Jurunas, Marco e Telégrafo, em Belém, contam com a presença de fiscais do INSS destacados de Brasília pelo Ministério da Previdência Social para ajudar nas diligências da Polícia.
Segundo a 3ª Vara Federal, especializada em ações criminais, as estimativas do INSS apontam que o rombo causado pelo esquema criminoso pode superar os R$ 50 milhões. A quadrilha de fraudadores presa hoje é uma das maiores já desbaratadas em todo o País. É também uma das únicas, até agora, que concedia irregularmente todo tipo de benefício, como aposentadoria por idade, por tempo de serviço, por invalidez e auxílio-doença, entre outros.
Na decisão em que decretou a prisão das 31 pessoas e as buscas e apreensões de dezenas de materiais e documentos, o juiz federal Leonardo Aguiar destaca que Antônio Fernando da Silva Pereira, um dos que foram presos hoje de manhã, tinha participação de relevo no esquema.
Chefe do Setor de Recursos de Benefícios da agência da Previdência Social (APS) no Jurunas, Antônio Fernando é descrito pelo magistrado como pessoa que, ao que parece, é “influente na política e um dos articuladores na indicação de nomes para os cargos de chefias para as Agências da Previdência Social no Estado do Pará”. É o caso de Rosenil dos Santos Barros – que também está preso -, indicado para a APS Mosqueiro. Ele ficaria responsável, segundo a decisão judicial, de implantar o “presente esquema em mais uma APS e para viabilizar a candidatura de Rosenil a vereador de Belém em 2008”.
A decisão menciona Sônia Maria Pereira de Oliveira como a grande articuladora da quadrilha. “Os autos revelam que ela possuía um ‘escritório’ em sua casa e encaminhava pessoas para os demais membros da quadrilha, contando com a ajuda de parentes e amigos para desempenhar suas funções criminosas. Na interceptação (telefônica), observa-se que Sônia trata de encontros, efetua cobranças, orienta sobre depósitos para pagamentos de numerários diversos, dá orientações sobre documentações para obtenção de benefícios junto ao INSS e, sobretudo, marca reuniões, sempre em sua residência com um profissional da área médica, para esse deixar e expedir atestados médicos, para averbação em processo de solicitação de benefício junto ao INSS para perícia médica”, ressalta o juiz federal Leonardo Aguiar.

Clique aqui para ver a relação de todos os presos na Operação Flagelo e a participação de cada um no esquema criminoso.

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