sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Obama corre risco


Trinta ameaças de morte por dia. Essa é a média nefasta que ronda Barack Obama desde que assumiu o governo. O número é quatro vezes ao que aterrorizava George W. Bush, considerado o pior presidente americano. Os dados estão reunidos em livro lançado nos Estados Unidos, com entrevistas de agentes que fazem a segurança do chefe da Casa Branca. A pergunta é: por que a vida de Barack Obama atingiu esse grande risco? Seria devido à política externa indefinida, ou à convalescente economia nacional? O que há nesse jovem presidente, capaz de suscitar tanto ódio em menos de um ano de mandato?
Na verdade, há riscos externos e internos. Além das fronteiras ianques, existem questões envolvendo guerras contra o Afeganistão e o destroçado Iraque. Osama bin Laden é um assassino em potencial, capaz de tudo para sacrificar a vida do presidente à temida deusa Al-Qaeda. Extremista, busca fama onde estão acesos os holofotes do mundo. Pôs abaixo o símbolo concreto do imperialismo americano. Eles e seus seguidores não deixarão passar ao largo um monumento político. Tentarão, provavelmente.
Dispostos a cooperar com o atentado, há meia dúzia de loucos no mundo. Coreia do Norte e Venezuela, no mínimo, aplaudiriam os algozes do presidente. Corrija-se: não propriamente essas nações, mas homens que, por causa de um punhado de poder, acham que podem brincar de Deus. Loucos que infernizam o mundo e hão de ser infernizados pelo Diabo no lugar que ambos merecem. Se você examinar o mapa-mundi, verá que há um homúnculo desses em cada continente. Pequenos. Minúsculos. Nada.
Em território americano, Obama é vigiado por uma milícia. Duas, na verdade. Uma oficial, dissolvida no preparado serviço secreto da Casa Branca. Outra, em grupos racistas. Aquela, sempre num raio que garanta a incolumidade do presidente. Os grupos, pulverizados pela nação, com olhares de judas em cada avenida, cada prédio, cada aeroporto. Supremacistas brancos torcem o nariz cada vez que lembram que um negro ocupa o palácio do governo. Para eles, a Casa Branca não é para Obama.
Com o Nobel da Paz, os riscos só aumentaram. Melhor teria sido agradecer. Ato difícil, mas talvez necessário para dispersar os parentes da mulher de Herodes: pessoas capazes de tudo por vingança e um minuto de glória na festa profana em que vivem. Esse prêmio-mordaça deixa Obama refém. Se agora é pacifista honroso, deve esmerar-se para evitar a guerra. Se é Nobel, desarme-se. Os que o ameaçam, porém, estão livres. Não têm intimidação, constrangimento ou qualquer tipo de compromisso moral. O que têm é um alvo negro, cada vez mais brilhante. A origem afro-americana do presidente é cardápio intragável para alguns. Tolerável, enquanto não conseguem furar o cerco dos centenas de atalaias oficiais.
Independente do resultado de seu governo, Obama já tem registro de destaque na galeria dos 44 presidentes americanos. Só o fato de ser negro já basta. Mas ainda há o nome, a idade e toda a biografia de luta por questões sociais importantes. Portanto, não causará surpresa um ato homicida. A morte tem sido a triste sina de quem representa algum tipo de esperança contra a tirania. É o instrumento de covardes e invejosos. Foi assim com Jesus Cristo, Mahatma Gandhi e Luther King. Foi assim com irmã Dorothy e Chico Mendes. Quando loucos não conseguem frear alguém com dolo, fraude e dissimulação, escancaram a alma fétida que os corrói por dentro. E matam. Que Deus abençoe e guarde o presidente!

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RUI RAIOL é pastor e escritor
Mais artigos: www.ruiraiol.com.br

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