terça-feira, 20 de outubro de 2009

Jornalismo paraense se despede de Gouvêa Júnior

No AMAZÔNIA:

Faleceu ontem o cinegrafista da TV Liberal Antônio Carlos da Silva Gouvêa Júnior, aos 51 anos. Ele foi vítima de uma pancreatite aguda. Ele deixou imortalizados alguns dos grandes momentos históricos do Pará, como o episódio de 1989 em que a índia Tuíra passou o facão no rosto do ex-presidente da Eletronorte, o engenheiro José Antônio Muniz Lopes.
Gouvêa Júnior foi internado no Hospital da Unimed da travessa Domingos Marreiros, anteontem. O quadro dele piorou e ele foi internado na UTI durante a madrugada de ontem. A morte foi registrada no final da manhã de ontem.
O filho do cinegrafista, Felipe Gouvêa, disse que o pai tinha diabetes, havia parado de tomar insulina, mas aparentava estar bem até a manhã de domingo. Internado, teve três paradas cardíacas, resultado de uma pancreatite hemorrágica que já havia afetado o estômago. Muito abalada, a esposa de Gouvêa, a chefe de reportagem da TV Liberal Leni Sampaio, precisou ser medicada. Coube ao filho falar sobre a perda: 'Ele era um pai muito bom. Sempre estava na brincadeira, foi uma pessoa maravilhosa. Um exemplo pra mim'. Gouvêa deixa um casal de filhos.
O corpo foi velado na capela do Hospital Beneficente Portuguesa. O enterro será às 11h de hoje no cemitério Recanto da Saudade.
História - Na vida profissional, Gouvêa Júnior acumulou a documentação de fatos históricos transmitidos não só para o Pará, mas para o Brasil, através da TV Globo. Foram 32 anos somente como cinegrafista da TV Liberal, onde era o profissional das câmeras mais antigo. Gouvêa começou a vida profissional no jornal O LIBERAL como repórter fotográfico. Aos 19 anos, foi para a TV Liberal como cinegrafista e nos últimos anos também acumulava a função de assessor de comunicação do Sindicato das Empresas de Transporte de Belém (Setransbel).
Na TV Liberal, integrou o Núcleo de Rede da Globo, uma equipe responsável pelas reportagens que são transmitidas pelos telejornais nacionais. Alguns trabalhos entraram para os anais da imprensa, como a reação da índia Tuíra à implantação da usina hidrelétrica de Kararaô em Altamira no I Encontro dos povos Indígenas do Xingu. Na ocasião, se discutia a construção da usina que hoje se tenta novamente implantar com o nome de Belo Monte.
Gouvêa também registrou o episódio em que o índio Paiakã foi acusado de abuso sexual, crime que ele negou e que depois teve as provas questionadas. A acusação ocorreu à época da realização da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco 92). Na década de 90, o cinegrafista integrou a equipe da TV Liberal que fez coberturas em Israel e Portugal. E, mais recentemente, no Círio deste ano, permitiu que todos pudessem acompanhar pela TV a imagem de um promesseiro da corda sacando uma faca para cortar o pedaço da corda que guardaria como lembrança.
Carnaval - Do lado oposto das câmeras, ele participou de vários carnavais da escola de samba Rancho Não Posso Me Amofiná. Nos últimos anos, ele ocupou o posto de conselheiro benemérito da agremiação.

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