Vai a toda, vai num crescendo a indignação contra a TAM.
A TAM que vetou – simplesmente vetou – uma mídia promovendo o Círio de Nazaré que seria veiculada em vídeo, a bordo de seus aviões.
Vetou sob o argumento que a peça continha um viés, digamos, religioso e, desta forma, afrontaria certas "diretrizes de posicionamento" - ohhhh! - da TAM, entre os quais o que recomenda o respeito a todas as religiões.
Os dois jornais – O LIBERAL e o Diário do Pará -, em suas edições deste domingo que circulam desde o final da tarde de ontem, trazem nota assinada pela Diretoria da Festa de Nazaré, em repulsa ao que considera “censura e preconceito” da TAM contra o Pará e contra o Círio.
E O LIBERAL aborda o assunto com mais detalhes, em matéria assinada pela repórter Yáskara Cavalcante.
Uma informação chama atenção na reportagem: a peça – que afinal não foi exibida – custou R$ 136 mil, segundo informações do próprio produtor do vídeo.
O Hangar – Centro de Convenções, responsável pela mídia, será ressarcido?
Espera-se que sim.
E se o for, vai fazer o quê com o dinheiro?
Poderia fazer o seguinte: pode utilizá-lo para atacar a TAM nas suas regiões – literalmente – mais sensíveis: o Sul e Sudeste.
Simples: os R$ 136 mil poderiam ser usados para a veiculação de peças publicitárias nos jornalões – como O Globo, Estadão e Folha, por exemplo.
Bastaria a veiculação de uma peça – talvez de ¼ de página - em cada um, apenas num dia, como o domingo, quando as tiragens são maiores.
A peça diria – em tons elegantes, mas indisfarçavelmente claros – que a TAM, ao recusar a mídia, amparou-se em razões das mais imbecis, das mais despropositadas.
Primeiro, porque o Círio seria retratado na mídia do Hangar com uma manifestação cultural de Belém e do Pará. E tanto é assim que é até um bem cultural, entre poucos do País, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Segundo, porque as realidades, quaisquer que sejam, são multifacetadas, o que não significa necessariamente que sejam excludentes umas em relação às outras. Assim, por exemplo, se um vídeo mostra as qualidades do Remo, não quer dizer que esteja desmerecendo as do Paysandu; e se mostra as do Paysandu, não significa que esteja desmerecendo as do Remo. Se um vídeo exibido a bordo dos aviões da TAM mostra as belezas e as qualidades da Bahia, não significa que esteja desprestigiando os outros Estados. Se uma emissora ou um jornal publicam anúncio da TAM, não significa que outras companhias não tenham qualidades. E por aí vai.
E terceiro, porque a TAM, divulgando uma festa como o Círio, daria margem a que outras confissões, outras denominações religiosas mostrem as suas festas, se quiserem. Sem qualquer preconceito, sem qualquer discriminação.
E por que veicular peças na mídia do Sul e Sudeste do País seria recomendável?
Porque a repercussão sobre esse episódio começou por aqui e está se esvaindo, está se esgotando por aqui mesmo.
E precisamos mostrar em dimensões maiores o preconceito da TAM contra o Pará.
É claro que precisamos.
A presidente do Hangar, Sua Senhora a doutora Joana Pessoa, diz que só vai sossegar quando o presidente da TAM, em carne e osso, vier a público para pedir desculpas ao povo do Pará.
Doana Joana vai esperar sentada.
Ou em pé.
Ou deitada.
Porque o presidente da TAM não vai fazer isso.
Seria alimentar a polêmica.
E a TAM, espera que só, já está é cuidando para desidratar, para desinflar essa polêmica.
A matéria de Yáskara informa que a governadora Ana Júlia vai mandar bilhetes, cartas e e-mails até para o Afeganistão, se for preciso, para reclamar contra a discriminação.
Que o faça, a governadora.
Que o faça!
Mas isso terá pouco efeito.
Por isso é que levar este caso para o Sul/Sudeste, a casa da TAM, seria mais eficaz.
E poderia até servir de pauta para a mídia nacional tratar deste assunto jornalisticamente.
Aí sim, a TAM poderia ser estigmatizada com empresa que cultiva - ou será cultua - "diretrizes de posicionamento" equivocadas, imbecis, censuráveis e preconceituosas.
E aí os belenenses que botassem os pés num avião da TAM, poderiam muito bem gritar lá de trás, todas as vezes em que começassem a escutar aquela lenga-lenga - "a TAM sabe que toda escolha é uma decisão do cliente...":
- E os clientes do Pará só escolhem a TAM porque não têm outra escolha.
É assim.
17 comentários:
TAManha idiotice merece todo o nosso repúdio mesmo!
Quando é que, finalmente, o governo petista vai compreender que Centro de Convenções não quer dizer Casa de Show? Desse jeito, não demora muito e o Hangar entra gloriosamente para o rol do "já teve" nesta terra campeã olímpica em estragar boas ideias.
Gente ,
Estamos num pais LAICO. Qual o problema, parece que estou lendo texto de mulçumanos radicais. Os jornais só colocam em suas páginas porque corre uma grana. Vamos deixar de potoca furada
Bons argumentos, mas acho que a TAM tá certa!
TEMOS QUE FAZER UM ABAIXO ASSINADO PARA A AZUL
MANAUS JÁ TEM VÔO
BELÉM,NÃO - NORMAL
TEMOS DIREITO DE PEDIR CONCORRÊNCIA NAS EMPRESAS DE VÔO
TÁ TUDO MUITO MONOPOLIZADO
Muito bem, TAM!!!
Desde que a TAM utilize o mesmo peso e a mesma medida para outros eventos religiosos, de outras regiões do país, não vejo problema algum com a decisão.
A questão é simples: a maioria, católica, sempre foi acostumada a impor sua fé e seus rituais. Hoje, quando vozes defensoras do Estado laico se tornam mais fortes, vira essa choradeira...
Acredito em Deus, mas não sigo nenhuma religião. E fico muito feliz quando a neutralidade vence.
Abraços, Poster!!! :)
Essa ação mostra mais uma vez o despretígio e falta de força deste desgoverno.
Fala serio comentáristas anonimos! È por pensamento pequeno que o Pará não vai pra fente. Alguem defender que a tam esta certa é de uma imbecilidade sem tamanho.
Vamos aos fatos:
1)O poster pegou o "X" da questão, mesmo com conteúdo religioso, a materia era paga(ou seja não refletia a opinião da empresa) e não "diminuia" outras crenças como tenta insinuar a companhia.
2)A tam vincula constantemente em seus meios, Aparecida, o cristo Redentor e a paixão de cristo (em Pernanbuco), inclusive aproveita os eventos para vender pacotes turisticos.
3)Havia contrato assinado e não foi cumprido o que por si só justifica uma atitude mais drastica do governo.
Dessa forma, acredito que o repúdio deva ser púbicado em pagina inteira nos jornais de maior circulação nacional no domingo. Além disso, deverá ser tomado as medidas judiciais cabíveis, pelo estado pelo descumprimento do contrato e em nome do povo do Pará, pelos danos morais.
Vamos aguardar e ver a atitude do governo. Começaram bem, vamos ver como vão terminar!
Fabio Betnes
Calma aí, evangélicos, ateus, agnósticos ou seja lá o que são, defendendo a atitude burra da TAM. O Círio, certo, é uma festa católica, e quem não professa essa fé não tem motivo nenhum de participar dela. Mas, queiramos ou não, é uma manifestação cultural poderosa de todo um Estado, e por isso tem direito de ser divulgada País afora. Duvido que a TAM se recuse a divulgar a Festa do Senhor do Bonfim, na Bahia, ou imagens do Cristo Redentor, no Rio. Acima das questões religiosas, são símbolos culturais que representam sim, o povo que os cultua. Não sou religioso, mas tenho o maior orgulho de comungar com todos os paraenses na festa do Círio e me sentiria estúpido criticando os milhões de romeiros que seguem a procissão. Somos, sim, um país laico, e lamento que algumas religiões, como a católica, queiram se sobrepor a isso. Sou contra símbolos religiosos em instituições públicas, sou contra o acordo inconstitucional do Brasil com o Vaticano, mas querer menosprezar o Círio de Nazaré é cegueira demais.
Vamos ao "X" da questão: O Liberal, Diário do Pará, Rede Globo, Bandeirantes e demais tipos de mídia só fazem anuncios porque os comerciantes pagam e muito.chegam até a dizer que o Círio é o natal dos paraenseses. eu nunca vi a Globo,Bandeirantes, fazerem de graça Uma publiciadade nacional chamando para o Círio. Quando o Antônio Carlos ( toninho malvadeza) era vivo, tudo que saia na Globo era pago pelo governo, o Ceará vendeu o Turismo pagando. Ninguém faz de graça. O desrespeito começa pela própria imprensa local. Vejam a quantidade de anunciantes nas emissoras durante a transmissão, é a época que mais elas faturam. O detalhe da hipocrisia começa dentro de casa, vamos olhar para o nossso umbigo para depois reclamar do umbigo dos outros.Uma pergunta e as outras empresas aéreas e aeroportos do pais anunciaram de graça.Quantos milhões jornais e TvES vão ganhar e não darão um retorno de graça?
O poster esqueceu de enumerar a 4° razão para a divulgação do vídeo do CIRIO nos voos da TAM:
- A Tam, como qualquer outro comercio, VENDE produtos. No seu caso, vende voos. E nesta época do ano, VENDE muito, mas muito mesmo, de todos os lugares do Brasil com destino a Belém. É em Outubro que Paraenses retornam de onde quer que estejam para suas raizes e que "Não paraenses" sentem-se atraidos (independente da Religião) a conhecerem a nossa festa de FÉ. Isso sem falar na volta, depois do círio, destes mesmos passageriros para seu local de origem.
Isso, divulgar o vídeo, é uma propaganda para a propria TAM que aumentaria o número de passageiros em suas aeronáves nesta época do ano.
Sem mencionnar o fato de que não estariam fazendo nenhum favor, afinal o video é PAGO. É propaganda! Está aí a prova do preconceito.
Agora uma impressão pessoal! Não tenho carteira de motorista, não dirijo. Por que não quero, não gosto e detesto transito. Por conseguinte, pouco me interesso pelos modelos de carro, os lançamentos, as marcas. Então porque é que a TAM me obriga a assistir uma propaganda de uma conhecida marca de carros? ela me perguntou meus gostos pessoais? minhas vontades? meus valores? Claro que não. Eu que leia um livro ou que durma antes da propaganda afinal ela está passando ali porque foi PAGA e vai assisti-la quem QUER! QUERENDO OU NÃO!
Por que carro não envolve questão religiosa.... será que é difícil de entender?!?!
Prudência! Na velha fábula grega, a verdade nua escandalizava, mas, nem tanto quando acompanhada da irmã prudência. A prudência é o antídoto à soberba, caminho aberto á tolerância e à paz. Uma digna sociedade laica (não falei Estado) é tolerante às diversas formas de expressão. Tempos sombrios, estes, de prosiletismos mesclados à hiprocrisia. Somos tomados pelo axioma,"Deus é fiel", mas nossas verdades têm se tornado pouco fidedignas. Tempos sombrios, esses, onde a expressão da fé e da cultura, passa a ser ampliada pela lente anatêmica de um envagelho unívoco. Saimos da "Era das Certezas" e entramos nos tempos das "novas verdades", das "boas novas" das "velhas leis dos profetas". Já afirmava Le Goof, "tempo da fé, tempo dos mercados". Tempos desiguais... A fé, sempre a fé,sem a cegueira dos punhais afiados. Tempos sombrios, esses... Esperemos a epifania dos novos tempos, de liberdade, de paz, de tolerância e a sentir que a língua dos anjos e dos doutos possam se curvar ao amor... Aí, poderemos, quem sabe, nos tornar dignos da promessa. Que assim, possa ser!
Correção: "proselitismos".
Prefiro não me manifestar sobre o assunto. Até porque não tenho nome nem espaço para ser notado nisso, enfim. Parabéns, excelente texto, reflete toda a indigninação que se pode usar argumentando.
A TAM avaliou que se tratava de um anúncio com conotação religiosa.
Ora, mas o que a companhia esperava de um vídeo em homenagem a um evento religioso?
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