Na ÉPOCA:
Inúmeras sociedades ao longo da história humana prestaram reverência à sabedoria e à consciência dos velhos. Reza a tradição que só o passar dos anos é capaz de nos dar a percepção apurada sobre quem somos, como agem os outros e como funciona o mundo a nosso redor. Mas um livro lançado na semana passada nos Estados Unidos sugere que esse esplendor de consciência não se encontra apenas no fim do caminho. Está também no início.
“Os bebês são mais conscientes que nós”, afirma a psicóloga americana Alison Gopnik, professora da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Ela é a autora de The philosophical baby (O bebê filosófico), uma compilação de estudos científicos que forma o mais completo retrato da mente infantil até hoje. Por muito tempo, diz Gopnik, subestimamos a capacidade dos bebês de entender o mundo. E talvez tenhamos superestimado a dos adultos. “Os estudos científicos mostram que os bebês são mais abertos às experiências e aprendem com mais facilidade. Essas habilidades resultam em um nível bastante elevado de consciência, não aquele limitado que atribuímos aos bebês.” Gopnik diz não ter aprendido apenas nos laboratórios. A mais velha entre seis irmãos e mãe de três filhos, ela afirma ter convivido tempo suficiente com crianças para sustentar sua polêmica conclusão.
Aos 54 anos, formada há 30 em psicologia e filosofia, Gopnik é uma das principais representantes de um grupo de psicólogos, linguistas e neurocientistas que se dedicaram nos últimos dez anos a entender a mente de crianças que ainda não sabem falar. Munidos de bichos de pelúcia, fantoches e animações computadorizadas, eles criaram jogos capazes de revelar o que bebês de poucos meses entendem sobre o mundo. Conseguiram comprovar que eles já nascem com capacidades que surpreenderiam a mais orgulhosa das mães: somar e subtrair intuitivamente, calcular estatísticas rudimentares a respeito dos sons e eventos mais frequentes e até compreender princípios da física.
Com base nesses experimentos (confira alguns deles no infográfico), os pesquisadores comprovaram que os bebês estranham quando lhes apresentamos uma conta simples com resultado errado ou quando apresentamos objetos com propriedades não naturais. Mais surpreendente, eles demonstram qualidades morais inatas: preferem um objeto que “ajuda” outro e sorri a um objeto que “atrapalha” e faz o outro objeto “chorar”.
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