O bispo britânico Richard Williamson, aquele que negou ter ocorrido o holocausto, pediu perdão pelo que disse.
Há perdões e perdões.
Há o perdão que alivia a própria consciência de quem cometeu um erro, independentemente do fato se o erro é reversível ou não.
Há aquele perdão de fachada, que atende a conveniências políticas ou sociais. Nessa catiguria se enquadra o perdão da otoridade, aquele tipo de perdão que demonstra uma falsa humildade de quem errou e que visa, de fato, a próxima eleição, seja lá quando for. Ou visa manter um status qualquer.
Há aquele perdão de quem é pressionado – por um superior, por uma instituição – a pedir perdão apenas para livrar a cara ou a imagem do superior ou da instituição.
Em que tipo de perdão se encaixa o perdão do suplicante bispo britânico?
Sabe-se lá.
É difícil dizer.
Mas observe o que ele disse o bispo, ao suplicar que o perdoem:
“Observando essas consequências, posso verdadeiramente dizer que lamento ter feito essas observações, e que se eu soubesse de antemão todo dano e dor que elas dariam origem, especialmente para a igreja, mas também para os sobreviventes e parentes das vítimas da injustiça sob o Terceiro Reich, eu não as teria feito.”
Sinceramente, podemos acreditar em muita coisa.
Com algum esforço, podemos até acreditar, por exemplo, que o Yamada Plaza suspendeu o funcionamento do regime de 24h porque a loja passa por manutenção. Façamos esforço, muitíssimo esforço, e seremos capazes de acreditar até nisso.
Mas é muito, muitíssimo difícil acreditar que o bispo Richard Williamson, ao dizer o que disse sobre o holocausto, não “soubesse de antemão todo dano e dor que elas dariam origem, especialmente para a igreja, mas também para os sobreviventes e parentes das vítimas da injustiça sob o Terceiro Reich.”
Reverendo, com todo o respeito, mas ninguém acredita nisso.
Nem mesmo o senhor acredita.
E Sua Reverendíssima não deve acreditar nisso porque é um homem experiente na vida e possui qualidades intelectuais bastantes que não lhe permitiriam ignorar, de antemão, os estragos que suas declarações causariam.
Se é muito difícil, para não dizer impossível, aferir o grau de arrependimento do bispo, eis que isso é fruto de um juízo íntimo de dimensões inalcançáveis por outra pessoa, de outro lado é fácil aferir-se que o bispo apresentou, como justificativa para o pedido de perdão, uma razão implausível.
Completamente implausível.
Tão implausível que talvez já mereça um outro pedido de perdão.
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