quarta-feira, 11 de março de 2009

Júri condena matadores a 83 anos

No AMAZÔNIA:

O Tribunal do Júri condenou ontem a 83 anos de prisão os dois homens acusados do assassinato do despachante da TAM Bruno Abner Pereira e pela tentativa de homicídio da noiva dele, Bruna Barbosa Coutinho. Os crimes ocorreram no dia 24 de março de 2008, em Belém. Bruno levou dois tiros e morreu na hora. Após dois dias de julgamento, Carlos Eduardo Pereira Pinto, o 'Dudu', foi condenado a 42 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado provocado por vingança (Bruno foi confundido com um desafeto dos réus) e sem possibilidade de defesa (as vítimas foram surpreendidas por três homens armados). Adriano César Corrêa, o 'Dida', foi condenado pelos mesmos crimes, mas teve um ano da pena diminuída por ter confessado a autoria.
O crime de tentativa de homicídio contra Bruna foi agravado ainda pelo fato de que ela seria morta como 'queima de arquivo'. A jovem escapou sem ferimento porque as balas desferidas contra ela atingiram a porta do carro. Apesar de terem sido condenados pela primeira vez, os dois réus já tinham antecedentes criminais e vão cumprir a pena em regime fechado. Com a condenação, os jurados desconsideraram a tese da defesa de que César cometeu o crime sob emoção e teve menor participação no crime.
A sentença foi lida poucos minutos após as 19 horas para uma platéia emocionada, formada pelos familiares e amigos de Bruno e por integrantes do Movimento pela Vida (Movida), organização que reúne mais de 50 famílias que tiveram parentes assassinados de forma violenta no Pará, sobretudo em Belém. O grupo deu as mãos e, após a sentença, aplaudiu os jurados, promotores e funcionários da Justiça que estavam em plenário. Chorando, a mãe de Bruno Abner, Andrelina Pereira, disse que não considerava a condenação uma vitória, mas apenas uma conquista do grupo e das pessoas que lutam por justiça. 'Meu filho não vai voltar. Não posso considerar que isso foi uma vitória', disse. O pai do jovem, José Joaquim Rodrigues, disse que a pena foi adequada e trará uma 'sensação de justiça' para a família. 'Passamos um ano de muita luta por justiça e agora chegamos ao fim', disse.
Choro - O encerramento da sessão foi marcado por mais discussões entre a promotora Rosana Cordovil e o defensor público Paulo Bona. Cordovil chorou ao retomar a acusação de que teria feito ameaças a testemunhas de defesa. As acusações foram feitas no primeiro dia do júri pela mulher de um dos acusados, que alegou ter sido intimidada pela promotora com ameaça de prisão caso não falasse a verdade ao júri. Cordovil reagiu imediatamente com fúria e ontem disse que a defesa foi um 'circo' e uma 'farsa'.
'Em 24 anos de Ministério Público e 13 de tribunal do júri nunca passei por isso. Agradeço aos senhores por não se influenciarem por tanta baixaria, por tanta calúnia', disse aos jurados e ao juiz Edmar Silva Pereira. Paulo Bona se defendeu dizendo que as ofensas de Rosana Cordovil foram 'gratuitas e infundadas'. Hedy Carlos Soares, também defensor, por sua vez, comentou a recusa de promotora em lhe cumprimentar, alegando que não compreende a postura, mas respeita a 'colega'. No primeiro dia do júri, Rosana Cordovil chamou Hedy Carlos de 'promotor de gabinete' e mandou ele voltar para Mato Grosso, sua cidade natal. As declarações foram consideradas preconceituosas.

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