Já vai longe o tempo em que educadores e professores do ensino fundamental e médio estavam interessados em melhorar os recursos humanos na educação. Considerar como inseparável o binômio professor/educador, e deve ser assim, considerado por todos aqueles que têm a convicção de seu papel educativo.
O que se tem notado ultimamente é que os futuros professores são ótimos em teoria, mas não aprendem a dar uma boa aula. A educação no Brasil não está entre as prioridades. Ainda que se considerem friamente as necessidades básicas dos brasileiros - saúde, alimentação, segurança, moradia e transporte -, não há como prescindir de um sistema de ensino e de educação eficiente para assegurar metas de desenvolvimento.
O desenvolvimento econômico e social só se dá com o acesso universal da população a uma educação de qualidade que enfatize a leitura, raciocínio matemático e uma mente investigativa. Nesse contexto, o Brasil rompeu a inércia de décadas passadas e passou a tratar, pelo menos parcialmente, a educação com maior prioridade.
Os primeiros resultados práticos dessa atitude se materializaram na conquista da universalização do acesso ao ensino fundamental e na introdução de uma cultura de avaliação periódica das redes de ensino e do aprendizado das crianças e dos jovens.
Infelizmente, o conteúdo do ensino não é avaliado no dia-a-dia, como o é a saúde com seus sintomas de doenças e de carências físicas devido à falta de alimentação adequada. Não se mede a educação cotidiana como se verificam as condições de saneamento de um bairro ou de uma habitação à altura do conforto humano.
Curiosamente esse avanço, trouxe à tona novos problemas. A escola não se preparou para receber esse afluxo de alunos cuja família não tinha acesso à cultura letrada. A universalização implicou um recrutamento acelerado de professores e uma pressão sobre os cursos de pedagogia, com a exigência (correta) de que todos tivessem nível de formação superior. Esse cenário fez aflorar uma preocupante constatação: convivemos com a dificuldade das instituições de ensino superior de preparar professores para ensinar.
A formação inicial para o ensino infantil e fundamental é deficiente ao constatar que as instituições de ensino superior estão órfãs, ao não oferecerem aos futuros professores os instrumentos necessários para dar uma boa aula. Pesquisadores apontam que os 71 cursos de pedagogia analisados no País concentram mais de 3 mil disciplinas. Dos cursos avaliados, apenas 5,3% da carga horária é dedicada ao ensino infantil - assim, fica difícil.
Observem como prevalecem conteúdos teóricos em detrimento às práticas - disciplinas como sociologia, filosofia ou história da educação - são importantes? Claro que sim. Mas as grades curriculares devem ser balanceadas, e não impor dos gabinetes refrigerados - até porque muitos desses "professores" nunca passaram pela porta de uma sala de aula para vivenciar seu dia-a-dia - carga horária excessiva para alguém que vai atuar em sala de aula. Precisam, sim, ter mais práticas de ensino.
Além da formação teórica exagerada que recebe na universidade, o professor se beneficiaria de um estágio mais efetivo. Verdade? Não, as evidências nos apontam que os estágios acabam sendo "pro forma", ou seja, os estudantes apenas observam as aulas nas escolas sem orientação adequada. Quem sabe se um projeto de lei que atualmente tramita no Senado, um programa de residência pedagógica, inspirado no que já ocorre com a carreira médica, pode ajudar nessa direção.
Não basta formar bem o professor - nem todos são genotipicamente eleitos para tão nobre profissão. É preciso escolher os melhores profissionais que vão atuar em sala de aula. Especialistas afirmam que 2,43 milhões de pessoas de 7 a 14 anos que não sabem ler e escrever, a grande maioria (87,2%) está matriculada em alguma turma de ensino fundamental ou médio.
Por isso, é urgente a articulação entre governos, universidade e sociedade para a formulação, a gestão e o monitoramento de políticas públicas que privilegiem a formação e a seleção adequadas de professores, em prol de um ensino básico de qualidade para todos.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
O que se tem notado ultimamente é que os futuros professores são ótimos em teoria, mas não aprendem a dar uma boa aula. A educação no Brasil não está entre as prioridades. Ainda que se considerem friamente as necessidades básicas dos brasileiros - saúde, alimentação, segurança, moradia e transporte -, não há como prescindir de um sistema de ensino e de educação eficiente para assegurar metas de desenvolvimento.
O desenvolvimento econômico e social só se dá com o acesso universal da população a uma educação de qualidade que enfatize a leitura, raciocínio matemático e uma mente investigativa. Nesse contexto, o Brasil rompeu a inércia de décadas passadas e passou a tratar, pelo menos parcialmente, a educação com maior prioridade.
Os primeiros resultados práticos dessa atitude se materializaram na conquista da universalização do acesso ao ensino fundamental e na introdução de uma cultura de avaliação periódica das redes de ensino e do aprendizado das crianças e dos jovens.
Infelizmente, o conteúdo do ensino não é avaliado no dia-a-dia, como o é a saúde com seus sintomas de doenças e de carências físicas devido à falta de alimentação adequada. Não se mede a educação cotidiana como se verificam as condições de saneamento de um bairro ou de uma habitação à altura do conforto humano.
Curiosamente esse avanço, trouxe à tona novos problemas. A escola não se preparou para receber esse afluxo de alunos cuja família não tinha acesso à cultura letrada. A universalização implicou um recrutamento acelerado de professores e uma pressão sobre os cursos de pedagogia, com a exigência (correta) de que todos tivessem nível de formação superior. Esse cenário fez aflorar uma preocupante constatação: convivemos com a dificuldade das instituições de ensino superior de preparar professores para ensinar.
A formação inicial para o ensino infantil e fundamental é deficiente ao constatar que as instituições de ensino superior estão órfãs, ao não oferecerem aos futuros professores os instrumentos necessários para dar uma boa aula. Pesquisadores apontam que os 71 cursos de pedagogia analisados no País concentram mais de 3 mil disciplinas. Dos cursos avaliados, apenas 5,3% da carga horária é dedicada ao ensino infantil - assim, fica difícil.
Observem como prevalecem conteúdos teóricos em detrimento às práticas - disciplinas como sociologia, filosofia ou história da educação - são importantes? Claro que sim. Mas as grades curriculares devem ser balanceadas, e não impor dos gabinetes refrigerados - até porque muitos desses "professores" nunca passaram pela porta de uma sala de aula para vivenciar seu dia-a-dia - carga horária excessiva para alguém que vai atuar em sala de aula. Precisam, sim, ter mais práticas de ensino.
Além da formação teórica exagerada que recebe na universidade, o professor se beneficiaria de um estágio mais efetivo. Verdade? Não, as evidências nos apontam que os estágios acabam sendo "pro forma", ou seja, os estudantes apenas observam as aulas nas escolas sem orientação adequada. Quem sabe se um projeto de lei que atualmente tramita no Senado, um programa de residência pedagógica, inspirado no que já ocorre com a carreira médica, pode ajudar nessa direção.
Não basta formar bem o professor - nem todos são genotipicamente eleitos para tão nobre profissão. É preciso escolher os melhores profissionais que vão atuar em sala de aula. Especialistas afirmam que 2,43 milhões de pessoas de 7 a 14 anos que não sabem ler e escrever, a grande maioria (87,2%) está matriculada em alguma turma de ensino fundamental ou médio.
Por isso, é urgente a articulação entre governos, universidade e sociedade para a formulação, a gestão e o monitoramento de políticas públicas que privilegiem a formação e a seleção adequadas de professores, em prol de um ensino básico de qualidade para todos.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
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