No AMAZÔNIA:
Com o Remo de fora da Série C desde o final da segunda fase e com o elenco profissional sendo desfalcado dia sim e outro também por jogadores que vão embora; com os dirigentes sem dinheiro para pagar contas e sem ter de onde tirar; restou no clube apenas um setor que tem trabalhado efetivamente. E muito. O departamento jurídico. No mar de ações contra o Leão Azul. Mais especificamente, o responsável pelos processos na Justiça Trabalhista é quem tem se desdobrado para dar conta de tanto trabalho.
Desde março de 2006 à frente desses casos, o advogado André Meira não pode reclamar da falta de trabalho. Entra ano, sai ano, a enxurrada de ações trabalhistas vai se acumulando. Hoje são aproximadamente 140. Essa semana que passou, ele mal teve tempo de aproveitar o primeiro filho, nascido na segunda-feira. Nos dias seguintes ele teve como missão impedir que o clube perdesse parte do terreno onde está o Carrossel. 'Só deu para aproveitar melhor meu filho na sexta-feira. Foi uma semana corrida', disse.
Por enquanto, o Carrossel está a salvo. Meira conseguiu convencer os dirigentes de algo que, ironicamente, há muito se falava e tanta polêmica foi criada: abrir mão de um imóvel. No caso, a sede campestre. Na quinta-feira o clube propôs ao Tribunal Regional do Trabalho, através do Projeto Conciliação, gerido pela vice-presidente da casa, Francisca Oliveira Formigosa, que os R$ 3 milhões oferecidos pelo terreno de Benfica fossem usados para se negociar os R$ 5 milhões que há de dívidas trabalhistas e, com isso, o fim dos bloqueios de renda e patrocínios. A proposta está sob estudos.
'O que ser deixado bem claro que ainda não houve acordo, e sim a proposta de se fazer um. Ainda não abrimos mão da sede campestre e o TRT ainda não nos liberou dos bloqueios de renda', disse Meira. 'A dívida total do Remo com a Justiça do Trabalho aproxima-se dos R$ 5 milhões. Com os R$ 3 milhões da sede no Projeto Conciliar conseguiríamos fazer um mutirão para negociar essas dívidas. Provavelmente não quitaríamos todas, mas perto de 95% eu tenho certeza que podemos conseguir', completou o advogado.
Meira admite que quando o escritório onde trabalha começou a prestar serviço ao lube não imaginava a quantidade de trabalho, mas diz que um fator sempre o ajuda a ir adiante: a paixão pelo Leão Azul. 'A gente nunca espera um montante de ações como essa, mas quem é profisional tem que estar preparado para essas coisas. Além disso, sou sócio do clube e defendo um patrimônio que é meu também.'
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