sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Infarto e AVC causam mais mortes no Brasil

No AMAZÔNIA:

As causas externas são responsáveis pelo terceiro lugar no ranking de mortalidade no Brasil em 2006, perdendo apenas para doenças circulatórias e para os cânceres. No período de 1980 a 2006, o país registrou 2.824.093 óbitos por causas externas: 850.559 (nos anos de 1980), 1.101.029 (nos anos de 1990) e 872.505 (entre 2000 e 2006).
Os dados são do Saúde Brasil 2007, estudo do Ministério da Saúde que aborda as diferentes dimensões da violência no Brasil, como homicídios, acidentes, inclusive os de trânsito, suicídios e outras violências, em especial, a doméstica e a sexual.
Dentre as mortes causadas pela violência em geral (causas externas), os homicídios ocupam primeiro lugar, seguido de acidentes de trânsito. A taxa de homicídios, entre 2003 e 2006, caiu de 28,6 por 100 mil habitantes para 25,4 homicídios por 100 mil habitantes (47.573 óbitos) - uma redução de 12%. Essa redução quebra a tendência do período de 1980 a 2003, onde a taxa subiu, variando de 13,3 a 28,6 homicídios por 100 mil habitantes.
A recente diminuição do risco de morte de homicídios no Brasil caracteriza-se pela diminuição da taxa principalmente na região Sudeste, particularmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Além disso, houve diminuição da taxa nos municípios de 100 mil e mais habitante, especialmente, nos de 500 mil e mais habitantes; diminuição das taxas nas faixas etárias com até 49 anos, de modo mais acentuado no grupo de 15 a 39 anos; e ainda redução do risco de homicídio na população branca. A Campanha do Estatuto do Desarmamento é associada a essa redução.
Para Marta Silva, técnica da Coordenação de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis/Departamento de Análise da Situação de Saúde (CGDANT/Dasis), o desarmamento é apenas um dos fatores da redução da taxa de homicídios no Brasil. 'É importante destacar a migração da dinâmica da violência: ela está interiorizando e gerando outros tipos de violência em decorrência do crescimento desordenado das cidades do interior', comenta.
Outra novidade apresentada nesta edição do Saúde Brasil é a análise comparada dos homicídios em municípios de região metropolitana e não-metropolitana. Os principais resultados são uma tendência de queda dos homicídios nas regiões metropolitanas e aumento na área não-metropolitana.
Nas regiões metropolitanas, predominam os homicídios por arma de fogo e as cinco regiões metropolitanas com os maiores riscos de morte por homicídios foram Maceió, Vitória, Recife, Petrolina/Juazeiro e Rio de Janeiro. O maior risco de morte por homicídio é no sexo masculino (92% dos homicídios) e por arma de fogo (70% dos homicídios). Entre as regiões, o Nordeste apresentou a maior taxa de homicídio total e por arma de fogo.
A região Norte apresentou a maior taxa por outros tipos de arma. A região Sul apresentou as menores taxas de homicídio total e por arma de fogo, enquanto o Sudeste apresentou as menores taxas por outros tipos de arma. Além da arma de fogo, o homicídio pode ser por arma branca (faca, peixeira, canivete) ou por outros meios, como asfixia, queimadura, envenenamento, estrangulamento, paulada etc.
Por isso, a importância de se estabelecer, de acordo com Marta, estratégias intersetoriais que dialoguem com os Direitos Humanos, investimento em infra-estrutura, segurança pública, geração de emprego e renda, aumento de escolaridade, controle da ingestão de bebida alcoólica e de drogas. 'É preciso observar questões pessoais e não só coletivas', diz. 'Tolerância, solidariedade, respeito à diversidade, às diferenças são valores que estão se perdendo e devem ser resgatados na nossa cultura que tradicionalmente prima pelo individualismo e competitividade, elementos que fomentam a violência.

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