quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Foi uma “parada dada”

No AMAZÔNIA:

Cinco dias após o crime, policiais civis prenderam ontem à tarde, em Belém, dois homens acusados de participação na morte do advogado José Francisco Vieira, de 47 anos. Segundo os policiais, os ex-presidiários Walber Santana Muniz Franco, o 'Negão', 30 anos, e Diego Carvalho da Conceição, o 'Bisteca', 23, confessaram que ele e outros dois comparsas, que estão foragidos, pretendiam roubar o advogado. Mas, segundo os acusados, a vítima reagiu, fazendo com que o bandido conhecido como 'Cearazinho' o matasse.
Segundo o delegado Paulo Tamer, diretor de Polícia Metropolitana, os assaltantes tinham a informação de que, na casa do advogado, em cujo pátio ele foi morto, haveria de R$ 80 mil a R$ 100 mil. É o que, na gíria policial, é conhecido como 'parada dada'. Ou seja, os bandidos tinham informações sobre o alvo a ser atacado. Os policiais informaram que as investigações ainda não foram concluídas. Mas que, com base no que foi apurado até agora, e com a prisão dos dois acusados, o que se pode afirmar é que os bandidos pretendiam roubar o advogado José Francisco, que, ao reagir, frustrou a ação dos assaltantes. Os investigadores estão, agora, à procura de Emerson Viana, o 'Cearazinho'', e Marcelo Rodrigues Santiago, que é foragido de Justiça.
Veículo - Também está detido, desde a última terça-feira, o homem em cujo nome está um veículo Astra usado pelos criminosos para chegar à residência da vítima. Está sendo investigada a participação desse homem na ação criminosa. Por volta das 17h30, 'Negão' e 'Bisteca' foram apresentados à imprensa, em coletiva realizada no prédio da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup). As informações sobre o crime e os acusados foram divulgadas pelo titular da Segup, Geraldo Araújo, pelo delegado-geral de Polícia Civil, Justiniano Alves Júnior, pelo delegado Paulo Tamer, pelo delegado Walter Resende, diretor da Seccional da Cremação e que preside o inquérito, e, ainda, pelo delegado Éder Mauro, coordenador do Grupo de Polícia Metropolitana (GPM). Também participou da coletiva o delegado-geral adjunto, Guilherme Tavares.
Investigações - O delegado Paulo Tamer disse que, tão logo ocorreu o crime, na manhã de sexta-feira, foram convocadas as equipes do GPM e da Seccional da Cremação. Os investigadores começaram, então, o trabalho de busca de informações. 'Nessas buscas, chegamos a outras imagens, não só aquelas feitas de dentro da casa (da vítima). Fizemos nossas análises. E, a partir daí, começou trabalho de reconhecimento dessas pessoas, que fomentou muito mais quando essas imagens foram divulgadas (o que aconteceu na segunda-feira passada)', disse Tamer.
Mas, frisou ele, quando as imagens foram divulgadas as informações apuradas pelos policiais já confirmavam o que as investigações realizadas durante o final de semana indicavam: qual era a quadrilha, os integrantes dela e a provável localização dos bandidos. Tamer descartou a hipótese de crime de encomenda. 'A característica dessa quadrilha é assalto. As imagens nos mostram que, quem faz um crime de encomenda não pratica tantas bobagens como eles praticaram: carro parado em uma outra rua, não se preocuparam com câmeras, e estavam, como se diz na gíria policial, de cara limpa', explicou.
Motorista - Outro detalhe, segundo Tamer. Quem matou o advogado foi o motorista. 'Motorista nunca faz a execução. Ele sempre permanece com o carro ligado, em razão da fuga que tem que ser feita depois (do crime)', acrescentou. O acusado também poderia ter matado o advogado na porta da casa, mas não o fez. 'Ele entrou na casa. Ofereceu reação (à vítima). No mesmo dia nós conversamos com a viúva, e esta dizia que, quando ele entrou, ele (‘Cearazinho’) gritou: ‘abre a porta, abre a porta’, que era para o Walber entrar, pois o Walber tinha chegado atrasado ao local do crime. A experiência policial nos mostra que, quem quer executar, chega, faz e vai embora, não dá oportunidade'.
Mas, ponderou o delegado Tamer, as investigações não terminaram. 'Nós desvendamos o crime, identificamos a quadrilha e já prendemos dois dos cinco (incluindo aquele em cujo nome está o Astra). Veja bem. Só se contava com três. Já chegamos no quarto elemento, que não aparece em imagem nenhuma (‘Bisteca’)', disse. Ele acrescentou: 'Isso mostra o avanço das investigações. Isso mostra que, até o momento, não está caracterizada uma execução. Pode vir a caracterizar (essa possibilidade) com a prisão dos outros dois. O que está caracterizado, até o momento, é uma tentativa frustrada de assalto, em razão da reação da vítima'.

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