quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Confissão não basta, afirma defensor

No AMAZÔNIA:

A tese do defensor público Hedy Carlos Soares foi de que os jurados não poderiam condenar uma pessoa baseados apenas na confissão. Para ele, o inquérito apresentou falhas e não investigou outros suspeitos. O defensor sustentou que André Barboza seria condenado para satisfazer a opinião pública e não porque as provas apresentadas contra ele eram incontestes. Por isso, pediu que os jurados analisassem somente os autos.
Para Hedy, a documentação que faz parte do processo judicial não apresenta provas suficientes de que o acusado participou dos três assassinatos. As falhas teriam surgido ainda nas investigações policiais.
Pela tese do advogado, a polícia abandonou a investigação de outros suspeitos depois que André foi preso por ter violentado o adolescente Josiel (caso ainda não julgado) e confessado os crimes anteriores a esse. Um investigador estimou que 38 pessoas foram consideradas suspeitas pela polícia, observou ele, lançando suspeitas sobretudo sobre Marcelo Viana, uma das testemunhas de acusação.
O advogado reforçou que um dos laudos contidos no processo considera a semelhança entre Marcelo e a última pessoa vista em companhia de Ruan Sacramento, o último a ser morto. Também insistiu na existência de um carro preto próximo ao local onde Adriano, a segunda vítima, estava jogando bola (a acusação diz que não foi no dia do sumiço do adolescente) e nas imediações da estrada da Ceasa.
O veículo foi citado por uma criança que brincava com Adriano e por um homem conhecido como 'Zé do Porto', que teria anotado a placa, mas se recusado a informá-la. Ambas as informações foram descartadas pela polícia.
Todas essas informações foram também consideradas pela Promotoria como falhas aceitáveis em um processo, cujo contraditório se faz presente, um tese criticada por Hedy.
Para o defensor, a promotoria estava descartando somente as provas favoráveis a Barboza, que teria confessado os crimes sob coação.
Hedy sustentou, ainda, que os três assassinatos não possuíam vínculo com a violência contra Josiel porque esta ocorreu muito tempo depois. 'Não há imediaticidade', disse.
Do mesmo modo, não haveria semelhanças nas formas dos crimes (somente Josiel foi violentado) porque a necrópsia não atestou violência sexual nos mortos.
'Se tirarmos a confissão do André, que provas temos no processo?', provocou.

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