O Cobrador Pregador ganhou no verbo, e não na verba

Evaldo Rosa, o Cobrador Pregador, eleito vereador de Belém com 2.689 votos, personifica a desmoralização das campanhas milionárias. A desmoralização pura e completa. Sem retoques.
Evaldo não ganhou na verba. Ganhou no verbo.
Não se elegeu com verba. Elegeu-se com o verbo.
Literalmente.
Pregando mensagens religiosas no interior dos ônibus, fez-se vereador.
Bastou-lhe isso.
Evaldo, o Cobrador Pregador, tem tudo para um bom exemplo a contrariar quantos ainda acham que a malandragem, o despudor no oferecimento de vantagens, a prática criminosa de atrair eleitores por meio de crimes descarados, enfim, desmoralizou quantos acham que isso tudo é essencial para se vencer uma eleição.
Mas Evaldo, o Cobrador Pretador, precisa tomar cuidado, muito cuidado com o novo ambiente que vai freqüentar, a Câmara Municipal.
É preciso muito cuidado para não se viciar, para não se contaminar por práticas viciadas. E o Legislativo – qualquer um, em qualquer âmbito – está cheio de práticas viciadas.
Matéria que O LIBERAL publicou sobre o Cobrador Pregador diz assim, em certo trecho: “Ao telefone, ainda se habituando ao assédio da Imprensa, Evaldo atendeu à chamada e, em seguida, chamou pomposamente sua ‘assessora de comunicação’. Ela, por sua vez, atendeu ao jornalista e repassou o aparelho novamente à maior surpresa política do município neste ano.”
Cuidado, Evaldo.
Com bom pregador de mensagens religiosas, é quase certo que você conheça – aliás, com absoluta certeza você conhece - aquela passagem do Eclesiastes: “Vaidade, vaidade, tudo é vaidade”, diz o sábio Salomão logo no início do Eclesiastes.
Muitos – para não dizer todos – torcem por Evaldo. Seu exemplo pode ser edificante. Ou não.
Imunize-se contra a vaidade, Evaldo.
Para o seu bem.
E para o bem de Belém, à qual você promete servir.