Um dossiê com a assinatura de mais de 20 integrantes da Polícia Militar do Estado circula em várias instâncias.
E várias dessas instâncias, vale ressaltar, têm poderes – plenos poderes - para tomar providências legais.
Nos documentos que acompanham o dossiê, cinco oficiais da PM são acusados de participação – ou por ação ou por omissão – na morte do soldado PM Cruz. Integrante da Rotam, uma tropa de elite da PM, ele morreu na madrugada de 16 de outubro passado, num rio em Inhangapi, no município de Castanhal, quando participava de um curso de sobrevivência na selva e não suportou os rigores de um exercício em que tinha de atravessar o rio num cabo submerso.
Em outras palavras, se é que ainda não ficou bem claro: os cinco oficiais, nominalmente mencionados no documento em poder de instâncias investigatórias, são acusados de homicídio, de assassinato. São eles: o capitão Vicente, tenente Vulcão, capitão Firmino, o coronel Cunha (diretor de Ensino e Instrução da Polícia Militar) e o comandante da Rotam, tenente-coronel Noura.
Caldo mortal
No dossiê, os signatários relatam de forma detalhada, minuciosa e circunstanciada como ocorreu a morte do soldado Cruz. E os relatos demonstram que houve homicídio configurado, porque o militar teria sido vítima de um caldo, com é chamado o mergulho forçado - por brincadeira ou como punição – a que é submetido quem está nadando. O caldo, portanto, é um afogamento. Sem tirar nem pôr, é exatamente isso.
O dossiê relata que, no dia da morte do soldado Cruz, todos os militares que participavam do treinamento encontravam-se cansados, estafados, extenuados, até porque haviam passado praticamente toda a madrugada acordados.
Quando pensavam que poderiam dormir para refazer-se dos rigores do treinamento, foram avisados de que precisavam submeter-se ao tal exercício do cabo submerso. Foi nessa ocasião que o soldado Cruz não suportou.
Não suportou nem os rigores do exercício, nem a brutalidade do caldo a que foi submetido.
Na apuração da morte do soldado que integrava a Rotam, os oficiais mencionados no dossiê vão sustentar, é claro, que o soldado Cruz morreu provavelmente vítima de um ataque cardíaco.
Resta saber qual a razão que levou um militar de tropa de elite da Polícia Militar a sofrer um ataque cardíaco justamente durante treinamento em que foi submetido a um afogamento durante exercício dos mais rigorosos.
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