segunda-feira, 27 de outubro de 2008

2008: quem ganhou

No blog de Lucia Hippolito (ao lado):

Depois da maratona de apuração, comentários, lista de promessas a serem cobradas dos novos prefeitos, será que resta ainda alguma coisa a ser dita?
Sem qualquer pretensão de originalidade, considero que dá para listar aqui algumas observações sobre este segundo turno das eleições municipais.
Primeiro, o PMDB. O partido mostrou mais uma vez a fonte de sua força: vitória expressiva nas eleições municipais. Conquistou 1.209 prefeituras, dentre elas algumas capitais importantes, como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, Goiânia, Campo Grande e Goiânia.
Entre os peemedebistas vitoriosos, desponta indiscutivelmente o ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional.
Com uma política de atração de políticos baianos para o PMDB, Geddel adquiriu a amizade de muitos prefeitos e candidatos, obtendo no final uma vitória expressiva: além do prefeito de Salvador, elegeu mais de 300 prefeitos no interior.
Na capital, aliou-se a ACM Neto e conseguiu isolar o PT.
A derrota do PT em Salvador diminui as chances do governador Jaques Wagner de se constituir no “Plano B” do Planalto, caso a candidatura da ministra Dilma se mostre inviável.
Em Porto Alegre, o PMDB obteve outra derrota importante. O prefeito José Fogaça, que já tinha interrompido um domínio de 16 anos do PT na cidade, é, também, o primeiro prefeito eleito da história de Porto Alegre.
Fogaça não é exatamente do PMDB de Geddel. Representa o que restou do MDB, o PMDB do dr. Ulysses.
Mas no PMDB cabem vários PMDBs. Lá, quem tem voto tem voz.
Segundo, o governador José Serra. Apostou em Gilberto Kassab, enfrentou parte do PSDB, costurou uma importante aliança com o PMDB de Orestes Quércia.
A vitória de Kassab (pelo maior percentual de votos já registrado na história de São Paulo) dá a Serra uma importante retaguarda para se lançar a outros vôos em 2010. Com esta vitória (da maneira que foi construída), Serra é sem dúvida o principal nome da oposição para a sucessão do presidente Lula em 2010.
Terceiro, Aécio Neves. Na reta final, conseguiu fazer do limão uma limonada e eleger seu candidato Márcio Lacerda. Não foi a vitória que o governador esperava, já no primeiro turno. Tampouco aconteceu a aprovação à aliança PT-PSDB.
A população de Belo Horizonte rejeitou a aliança entre os dois partidos. Aprovou, com alguma reserva, uma aliança pessoal entre Aécio e o prefeito Fernando Pimentel.
Quarto, Fernando Gabeira. Não foi eleito, mas obteve esplêndida vitória política. Mostrou que é possível fazer uma campanha diferente, positiva e propositiva, sem golpes baixos, sem sujar as ruas, sem ataques pessoais ao adversário, sem máquina e sem pegadinhas.
Despertou o entusiasmo de jovens e velhos, que encheram as ruas do Rio de verde, numa onda insuspeitada no início da campanha.
Gabeira venceu na Zona Sul, na Zona Norte (região de bairros tradicionais no Rio) e no Centro. Perdeu na Zona Oeste e no subúrbio. Ao final da eleição, saiu muito maior do que entrou. É hoje o maior eleitor do Rio de Janeiro, a maior referência política da cidade. Construiu um capital político de grande importância.
Quinto, o presidente Lula. Ganhou? Mais ou menos. Ganhou porque não teve sua popularidade arranhada. Ganhou porque contribuiu para eleger muitos prefeitos em pequenas cidades. O exemplo é o inesquecível Severino Cavalcanti, em João Alfredo.
O presidente pode contabilizar mais uma vitória, esta expressiva, a de Luís Marinho em São Bernardo do Campo.
Desde sua fundação, o PT venceu uma única vez em São Bernardo: 1988. De lá para cá, a população da cidade rejeitou todos os candidatos petistas.
Pois Lula decidiu que desta vez seria diferente. O PT fez na cidade a campanha mais cara do Brasil. Proporcionalmente, gastou mais na campanha de Luis Marinho do que na de Marta Suplicy em São Paulo. E assim, conseguiu uma vitória importante na cidade berço do PT e do presidente Lula.
Mas Lula também perdeu. (leia abaixo em 2008: quem perdeu).
Em resumo, 2010 está na rua.

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