O pré-candidato do PMDB à Prefeitura de Belém, José Priante, negou-se na sexta-feira (18) a fazer qualquer comentário sobre acusações e críticas que lhe foram dirigidas pelo professor, ex-deputado e ex-secretário de Educação, Mário Cardoso, também pré-candidato, mas pelo PT, à sucessão do prefeito Duciomar Costa na eleição de outubro.
Em matéria que o blog postou ontem, Mário Cardoso garantiu ser inflexível a decisão do PT de lançar candidato próprio na Capital e afirmou que Priante “mente” ao propagar a informação – inclusive em outdoors – de que o presidente Lula apóia a candidato do peemedebista. Disse ainda que Priante, por imposição da transparência, deve informar de onde vem tirando dinheiro para bancar peças que promovem sua candidatura, como é o caso dos outdoors afixados em vários pontos de Belém.
- Eu me nego, terminantemente, a comentar o desabafo do professor Mário Cardoso, porque não teve natureza política, mas pessoal. Não sei por que o professor Mário Cardoso está aborrecido comigo. E logo comigo, que admiro pessoalmente o Mário. Prefiro ficar em silêncio, acompanhando os desdobramentos de tudo. Acho que todos devemos ter serenidade nesta fase do processo. E vou continuar aguardando os desdobramentos. Se o professor Mário Cardoso quer brigar comigo, eu não quero brigar com ele – disse Priante ao blog, ontem, no início da noite.
Diante de tanta diplomacia e de tanta cautela brotando à flor da pele e das palavras do pré-candidato do PMDB, o Espaço Aberto foi bater em outras portas peemedebistas, à procura de alguém que pudesse fazer uma avaliação sobre o contexto das ácidas declarações e da contundência demonstrada por Mário Cardoso na entrevista.
Duas fontes peemedebistas – nenhuma integrante das executivas estadual ou municipal do PMDB, mas bem próximas a Priante – aceitaram fazer uma avaliação sobre o desabafo do pré-candidato petista. O que ambos falaram é coincidente na essência, muito embora a análise tenha sido apresentada a partir de argumentos e fatos de alguma forma nem sempre convergentes uns com os outros.
Reflexos em Santarém e Ananindeua
Ambos os peemedebistas reafirmam que, ao contrário do afirmado por Mário Cardoso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se empenhado, sim, em viabilizar em Belém a candidatura Priante, por entender que isso não apenas torna bem mais viável uma vitória na disputa eleitoral em Belém, como também facilita composição em municípios-chave no Estado. É o caso de Santarém, onde a prefeita Maria do Carmo tentará a reeleição. Também é o caso de Ananindeua, reduto que ostenta a particularidade de interessar diretamente às ambições eleitorais do presidente regional do PMDB, deputado federal Jader Barbalho, que não abre mão de contribuir decisivamente para a reeleição de seu filho Helder como prefeito do município que integra a Região Metropolitana de Belém.
- O presidente Lula sabe com a maior clareza possível que uma aliança entre PMDB e PT em Belém é a proposta mais viável para uma vitória. Em outro cenário, Lula também sabe que o contrário, ou seja, que candidaturas concorrentes do PMDB e do PT podem levar a que todos, petistas e peemedebistas, morram afogados. E mais: a recusa de uma aliança, como é do desejo do professor Mário Cardoso, pode representar a derrota não apenas em Belém, mas em Santarém e Ananindeua – disse ao blog uma das fontes peemedebistas.
Os dois peemedebistas consideram que uma eventual pré-candidatura da deputada estadual Regina Barata de certa forma ajudaria seu adversário no partido, o próprio Mário. O raciocínio parte do fato de que a existências de duas pré-candidaturas levaria a decisão necessariamente a uma prévia. E nessa circunstância Mário Cardoso teria, indiscutivelmente, muito mais chances de vitória do que Regina Barata, que não se vincula a nenhum dos vários grupos e tendências em que se sedimenta o PT.
- Como a deputada Regina Barata retirou formalmente a sua pré-candidatura, o Mário ficou sozinho – lembra um dos peemedebistas ouvidos pelo Espaço Aberto. - E como está sozinho, não teria nem por que motivo ter pressa para formalizar a condição de pré-candidato único. O prazo que ele tem para fazer é apenas em junho. Não teria motivo a convocação do Diretório Municipal [ocorrido ontem à noite] para dar início às discussões sobre as estratégias eleitorais em favor da pré-candidatura do Mário. Se o professor faz isso, é porque ele sabe que, internamente, no seu próprio partido, há uma avaliação predominante de que sua eventual candidatura a prefeito de Belém é eleitoralmente inviável. E é mesmo. Uma candidatura solitária do Mário Cardoso é natimorta.
“Mário é quase um traço nas pesquisas”
Os números apresentados por Mário Cardoso ao blog não impressionam e nem convencem os peemedebistas de que o professor teria musculatura eleitoral suficiente para concorrer como cabeça de chapa na eleição de outubro. O petista lembrou ao blog que em 2006, apenas em Belém, conquistou em Belém exatos 249.200 votos, enquanto Luiz Otávio Campos, candidato peemedebista ao Senado, teve 83.850 e Priante, 91.646. Em todo o Estado, os votos de Priante (438.071) e Luiz Otávio (449.447) totalizam 887.518, ou seja, apenas 6.831 votos acima dos 880.687 sufrágios alcançados por Mário Cardoso.
- Isso não quer dizer absolutamente nada. Aparentemente, o Mário tem razão, mas a realidade é outra. Em 2006, o Priante, em Belém, teve cerca de 92 mil votos. O Edmilson Rodrigues [atualmente no PSOL] teve 93 mil. E o professor Mário Cardoso, como ele mesmo diz, teve 250 mil. O que acontece hoje? O Edmilson aparece como o líder em todas as pesquisas pré-eleitorais para prefeito de Belém, enquanto o Mário, com seus 250 mil votos em 2006, está lá embaixo. É quase um traço nas pesquisas – avalia um dos peemedebistas.
Eles concordam que o desabafo – como consideram – do pré-candidato petista não é tanto obstáculo para que as negociações se processem. “O PMDB continuará aguardando uma definição. E continua convicto de que o mais viável é o PT apoiar o Priante, como o presidente Lula quer”, encerrou um dos peemedebistas.
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