A Secretaria de Segurança Pública do Estado executa há várias semanas um novo esquema de combate à criminalidade, sobretudo e principalmente em Belém. O modelo operacional se ampara no setor de inteligência, considerado essencial para debelar ou pelo menos minimizar um dos maiores problemas que o paraense tem enfrentado nos últimos anos.
O esquema, no jargão técnico da Polícia, é o de “saturação”. Consiste em levantar os pontos da cidade onde a criminalidade se mostra mais intensa e letal. Feito isso, destacam-se para essas áreas contingentes policiais que ali farão, num determinado período, um esforço concentrado para reduzir ao máximo a criminalidade.
“Nós sabemos que, nessas ocasiões, a bandidagem sai daquela área e busca outros locais. Mas pretendemos, ao longo do tempo, demonstrar uma presença mais forte da Polícia e da Segurança Pública nesses locais!”, disse no início da noite de quarta-feira (16) à noite uma fonte da cúpula da Segurança Pública ouvida pelo blog.
Para esse esquema que a polícia tem adotado, o Centro Estratégico de Inteligência (CEI), alçado agora à condição de diretoria, ganha dimensão das mais relevantes, para viabilizar a execução dos policiais que vão para a linha de frente, combater os bandidos que agem nos vários bairros da cidade.
Para planejar as ações, a Segurança Pública, através da CEI, tem se valido de pesquisas regulares e outras formas de coleta de dados, que se mostram necessários para apontar o nível da insatisfação de camadas da sociedade, seu clamor a respeito da adoção de medidas mais urgentes, suas expectativas em relação ao combate a criminosos e as exigências que daí recaem sobre todo o aparato de segurança.
Para a coleta desses dados, a Inteligência da Polícia Civil tem lançado mão, entre outros elementos, do noticiário publicado nos mais diversos veículos de comunicação. Vale-se ainda de informações mais reservadas que a polícia regularmente colhe, em meio às investigações a que procede.
Números ainda não serão divulgados
A Segurança Pública garante que o esquema de saturação “é uma experiência exitosa, que tem dado certo onde quer que tenha sido posta em prática”. A mesma fonte garante que, em Belém, a polícia já dispõe de números reveladores de que tem havido queda nos índices de violência, depois que o esquema de saturação passou a ser implementado em várias áreas da cidade.
Mas, por enquanto, a polícia não pretende divulgar números. “Nossa intenção é trabalhar com discrição e atuar concretamente para fazer com que a sociedade, ela mesma, perceba que a cidade está mais policiada e que o índice de criminalidade tem caído”, diz a fonte da Segurança Pública.
O grande nó, para dar continuidade à mobilização da polícia no combate a atividades criminosas, está na quantidade de pessoal. Atualmente, o Pará dispõe de um efetivo de 12 mil policiais militares. E só pode elevar esse contingente até 19 mil, para não ferir os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Para que o número de policiais militares do Pará estivesse em sintonia com o recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Estado precisaria, porém, contar em seus quadros com pelo menos 25 mil PMs. Mas isso é uma quimera, admite o homem da cúpula da Segurança. “Nós temos atualmente o mesmo número de policiais que há 14 anos, na época do governo Jader Barbalho”, diz ele.
Esse quadro de carência de pessoal será minimizado a partir de junho, quando entrarão no batente cerca de 1.700 novos policiais militares, que se submetem ao curso de formação a partir da próxima semana, no Instituto de Segurança do Pará (Iesp).
Quanto aos policiais civis, há problemas referentes à qualificação exigida para os candidatos que pretendem habilitar-se aos cargos de escrivão e investigador. Exige-se como pré-requisito que os pretendentes a ocupar esses cargos tenham nível superior. E mais: a nota mínima para aprovação no concurso é 7, considerada muito alta. Isso tem causado um baixo índice de aprovação nos concursos. “Uma pessoa com esse preparo normalmente opta por outras áreas, que não a polícia”, admite a fonte da Segurança Pública.
Além da falta de pessoal, a Segurança Pública defronta-se atualmente com outro problema: os das demandas causadas pelos movimentos sociais. “Nós estamos com sérios problemas em relação a isso. Precisamos deslocar contingentes expressivos para desocupar áreas invadidas pelos sem-terra ou mesmo para coibir atos de baderna, como o que o MST normalmente tem promovido. Todos esses policiais destacados para cumprir dezenas de mandados de reintegração de posse poderiam estar nas zonas urbanas, combatendo a criminalidade. Estamos vivendo uma situação de desobediência civil que tem exigido demais dos aparelhos de segurança”, explica a fonte.
4 comentários:
Prezado,
O MST ocupa e interdita, neste momento, a Estrada de Ferro Carajás, no assentamento Palmares II, na cidade de Parauapebas.
Pode ser que a estratégia ainda esteja na cabeça do novo secretário. Até acredito na competência dele, demonstrada pela experiência por onde passou. Mas na prática a situaçaão na rua está cada vez pior. Ainda ontem meu cunhado- nesse caso, gente da melhor qualidade, o que pode até ser uma exceção, foi assaltado: estava dentro do seu carro quando foi abordado em um cruzamento, pelas bandas do Marco, por três marginais de revólver em punho.Era umas dez da noite e ele estava com o vidro aberto (atenção! vamos , na medida do possível, manter os vidros e portas bem fechados)o que facilitou a ação dos bandidos. Felizmente foi liberado depois de três horas de muito sufoco. Sabe o que safou: $ 400,00 que ele tinha no bolso da calça, fruto da renda de um dia inteiro de trabalho de um pequeno negócio que ele toca. Com a grana na mão, os caras libraram o refém e ainda devolveram a carteira com documentos. Ficaram com o carro pra curtir a noitada e terminar em Outeiro, onde, segundo eles mesmos em conversa, no dia anterior teriam desovado uma outra vítima.
Esse é apenas um relato, dos tantos e tantos casos que aconteceum toda hora, todos os dias, em Belém e em outros municípios, aonde a insegurança só faz aumentar. E o pavor da população, refém dessa situação, só faz aumentar. Não se sabe mais o que fazer. E nem a quem apelar. Nunca é demais lembrar que a nobre governadora, em campanha, não se cansava de falar que resolveria o problema em um passe de mágica, mais policiais iriam ser colocados nas ruas e a população iria conseguir viver em paz.
Essa era a mudança. Então, eu digo: égua da mudanaça. Só for para pior.
Antonio Fernando
Anônimo,
É isso que também atrapalha o combate à criminaliade, segundo a Segurança Pública.
Abs.
Antonio Fernando,
Isso é o nosso cotidiano, amigo. Infelizmente, é. Tomara que a "saturação" dê certo, para que não fiquemos mais saturados de violência.
O blog vai postar você na ribalta, ao logo desta quinta.
Abs.
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