O leitor Adelino de Lima Araújo Neto deu o título acima a seu comentário sobre a postagem Nazaré é do barulho. Suas ponderações, além de revelaram equilíbrio, oferecem detalhes enriquecedores sobre uma das pragas que infestam Belém: a barulheira injustificável, que não respeita horários, idades, situações, que nada respeita, enfim. Fiquem com o Adelino, que inclusive disponibiliza seu e-mail.
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Chega a ser cômico o resultado do Mapa Acústico da Cidade de Belém, publicado nos principais jornais, que apontou o bairro de Nazaré como o mais barulhento da capital paraense. A avaliação se restringiu aos decibéis produzidos pelo trânsito, numa cidade com múltiplas fontes de ruídos: aparelhagens, bares, vizinhos barulhentos, carros de som, micaretas e inúmeras outras formas de poluição sonora, que castigam especialmente os moradores da periferia. Garanto que uma festa de aparelhagem produz sons muito mais perturbadores do que o trânsito de uma avenida. Sendo que o barulho do trânsito em Nazaré se limita à hora do rush, enquanto os treme-terras da periferia varam a madrugada atrapalhando o descanso de milhares de trabalhadores.
Não pretendo desqualificar a pesquisa, pois é um instrumento que explicita o problema e aponta soluções. Só acho que a questão merece o direcionamento correto, de forma crítica e imparcial, mostrando o problema onde ele realmente está. Ou será que o trânsito da avenida Nazaré ao meio-dia é mais irritante que uma festa de aparelhagem no bairro do Jurunas à meia-noite?
A avaliação pecou ainda por registrar a intensidade do som em nível térreo, desconsiderando o fato de que a maioria dos moradores do bairro reside em edifícios de altura razoável, onde o som não reverbera com a mesma amplitude. E muitos têm janelas com isolamento acústico, o que deixa os ruídos do lado de fora.
Em bairros como Jurunas ou Guamá, ao contrário, grande parte da população mora em casas térreas, muitas delas em precárias condições. Sem isolamento acústico, nem nada. São essas pessoas que passam noites sem dormir e sofrem como se estivessem no próprio inferno, graças ao terrível turbilhão sonoro. Penso que essa gente deveria ser o foco do mapa acústico de Belém. Fica minha sugestão aos pesquisadores e a todas as entidades envolvidas no estudo.
Adelino de Lima Araújo Neto
Um comentário:
Caro Poster,
Quero agradecer o destaque dado ao meu comentário no seu prestigioso blog.
No mais, acrescento que é fundamental ter bom senso para tratar desse grave problema da nossa Belém, analisando todos os aspectos envolvidos.
O estudo em questão, em vez de ajudar, só atrapalhou: para os pesquisadores, as aparelhagens simplesmente inexistem.
Um grande abraço e obrigado novamente!
Adelino de Lima Araújo Neto
adelino.belem@gmail.com
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