Em O ESTADO DE S.PAULO:
Obrigado a devolver aos cofres públicos R$ 550 gastos irregularmente com cartão corporativo do governo federal, o ministro da Pesca, Altemir Gregolin, foi acusado durante seu depoimento à CPI dos Cartões mista de ter feito campanha eleitoral para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento oficial no Pará, em outubro de 2006. A denúncia foi feita pelo deputado Vic Pires Franco (DEM-PA), que teria vídeo mostrando que Gregolin usou avião alugado pelo governo federal e pediu votos para a campanha à reeleição de Lula durante entrega de carteira profissional para pescadores no Pará. O ministro disse que sua viagem ao Pará foi a trabalho e usou seu cartão pessoal de crédito para pagar despesas de hotel. “Paguei com meu cartão e pedi o ressarcimento”, afirmou.
“Esse vídeo já foi usado pela oposição e a ação aberta pela Justiça do Pará foi arquivada por falta de provas. Não ficou caracterizado como campanha eleitoral”, sustentou Gregolin.
“Se esse governo é sério, o ministro tem de ser demitido”, defendeu Vic Pires. “O senhor usou a máquina do governo para fazer campanha.” Gregolin rebateu: “Não misturamos campanha com agenda oficial.”
Segundo Vic Pires, o ministro disse em seu discurso no Pará que se Geraldo Alckmin - candidato derrotado do PSDB à Presidência - ganhasse a eleição a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica seriam privatizados. De acordo com o deputado, Gregolin também teria dito que traria “um livro com o mapa da corrupção” do antigo governo.
Ao argumentar que não fez campanha eleitoral, o ministro disse que participou apenas de uma reunião no diretório do PT, fora do horário de expediente. A tropa de choque do governo apressou-se em defender Gregolin, sob o argumento de que essa denúncia não tem relação com o uso do cartão corporativo. A presidente da CPI dos Cartões, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), disse que vai requisitar cópia da fita de vídeo para averiguar se houve o uso de cartão corporativo para fins eleitorais. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) considerou a denúncia grave e anunciou que vai pedir a reabertura da ação contra o ministro na Justiça do Pará.
Além de Gregolin, a CPI dos Cartões ouviu também o general Alberto Cardoso, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional no governo FHC. Houve momentos de tensão porque deputados da base aliada e da oposição tentaram politizar seu depoimento.
Os governistas queriam que o general defendesse abertamente a manutenção dos gastos sigilosos da Presidência. Já a oposição atuou para que ele defendesse a divulgação dos gastos do presidente da República e de seus familiares. “Estou fora dessa discussão partidária”, reagiu Cardoso, que indicou ser favorável ao sigilo das contas presidenciais e da Agência Brasileira de Informações (Abin).
Também depôs ontem na CPI o diretor do Banco do Brasil Alexandre Abreu, que trata dos cartões corporativos distribuídos ao governo federal e aos Estados e municípios.
Segundo ele, existem cerca de 30 mil cartões em todo o País, dos quais 11,5 mil são do governo federal. Ele não quis dizer quais prefeituras dispõem de cartão corporativo.
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