terça-feira, 22 de abril de 2008

Lula contraria paraguaio e diz não renegociar Itaipu

Na FOLHA DE S.PAULO:

No dia seguinte à eleição de Fernando Lugo à Presidência do Paraguai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na África, que não pretende renegociar o tratado da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, principal plataforma eleitoral do paraguaio. Ontem, Lugo reafirmou sua determinação em rever o acordo e não descartou recorrer à Corte Internacional de Haia caso não obtenha êxito.
Lugo defende o reajuste no valor da energia não utilizada pelos paraguaios. Cada país tem direito a 50% da produção, mas o Paraguai só utiliza 10% de sua parte (5% do total), e vende o restante ao Brasil.
O ex-bispo alega que o tratado, firmado em 1973, foi assinado por duas ditaduras e diz que o excedente deve ser vendido por um preço "justo". O Brasil argumenta que o preço embute os custos que assumiu com a construção da usina e que alterações feitas recentemente permitiram repassar mais dinheiro ao Paraguai.
"Não muda o tratado. O Brasil tem constantes reuniões com o Paraguai. São muitos os temas, não é só a questão de Itaipu, é a nossa fronteira, que é muito grande, envolve vários Estados. Temos muito para continuar conversando com o Paraguai", disse Lula em Gana.
O presidente brasileiro desautorizou as declarações de seu ex-assessor frei Betto, dadas anteontem em Assunção, de que o tratado seria renegociado. "Eu não posso comentar uma declaração de alguém."

Mediação
Lugo já havia mencionado antes a possibilidade de recorrer a instâncias internacionais. Agora eleito, defendeu a mediação de um sócio do Mercosul, dizendo que, "quando um conflito se apresenta entre dois países", essa intervenção é bem-vinda.
Indagado se poderia ir a Haia, disse: "Não queremos apontar tão alto e tão longe antes de esgotar os meios locais. Em primeiro lugar há Brasil e Paraguai, podíamos também ter a participação de outro país que possa mediar entre nós. Tenho muita confiança, creio que não será necessário chegar a outros estamentos judiciais internacionais antes de esgotarmos os meios na região".
O presidente eleito descartou tomar medidas radicais, como o colega boliviano Evo Morales, que invadiu refinarias da Petrobras ao nacionalizar as reservas de gás. "Há uma diferença: o tratado que temos com o Brasil é binacional, na Bolívia era com uma empresa. Nossa relação vai ser de governo a governo, de Estado a Estado."

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