terça-feira, 22 de abril de 2008

Desmatamento e chuvas atraem serpentes para Belém

O crescente desmatamento da área no entorno de Belém está atraindo um número cada vez maior de serpentes para a região metropolitana da capital paraense, fato agravado pelas intensas chuvas nesta época do ano. Segundo o Corpo de Bombeiros, já foram registradas 60 ocorrências de capturas de serpentes só entre janeiro e março deste ano.

De acordo com notícia da Agência Museu Goeldi, o fenômeno aumenta a cada ano na proporção da diminuição da matriz florestal da Grande Belém, dando espaço para mais áreas de ocupação humana da cidade, que se estende a municípios vizinhos como Ananindeua, Marituba e Benevides. Enquanto algumas serpentes se refugiam em ambientes parecidos com o habitat natural, como bosques ou parques ecológicos, outras espécies, com facilidade de adaptação às alterações do meio - capacidade chamada de plasticidade ecológica - se estabelecem na cidade, principalmente em localidades próximas a áreas alagadas e cercadas por lixo, entulho. São nesses lugares que o Corpo de Bombeiros encontra animais de porte avantajado.

O livro "Belém Sustentável", lançado recentemente pelo Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), mostra que na Grande Belém, a área per capita de floresta sofreu uma redução de 31 metros quadrados entre 2001 e 2005. Em 2001, somava 211 metros quadrados por pessoa, enquanto em 2005 caiu para 176 metros quadrados por pessoa. Entre os municípios da região metropolitana, Belém é o que tem a menor floresta per capita, com penas 85 metros quadrados por pessoa, seguido de Ananindeua com 151 metros quadrados. No outro extremo, encontra-se Santa Barbara do Pará com 6.219 metros quadrado de floresta por pessoa. Os pesquisadores do Imazon alertam que é urgente cessar o desmatamento e garantir a conservação das florestas remanescentes.

Leia a seguir, a notícia da Agência Museu Goeldi sobre o problema da proliferação de cobras em Belém.

As espécies Boa constructor e Eunectes murinu, ou jibóia e sucuri como são conhecidas pela população, são as espécies que aparecem em 80% dos casos relatados em 2008. Essas duas cobras da mesma família são a prova de que tamanho não é documento. Apesar de chegarem a até sete metros de comprimento, elas não são venenosas, o que não as exime de oferecer riscos a comunidade. Essas serpentes são do tipo constrictoras, matam suas presas por estrangulamento, podendo se alimentar de animais de pequeno e médio porte. Em ambientes alterados, as serpentes podem se alimentar de roedores, cachorros e gatos - e, quando se sentem ameaçadas podem "dar o bote", ataques com mordidas, que podem causar ferimentos graves.

Em período de intensas chuvas, como nos meses de janeiro, fevereiro, março e um excepcional abril como o observado este ano, esses animais saem de suas tocas em busca de abrigo seco e alimento. Lugares úmidos, alagados e com acúmulo de lixo são maiores atrativos para a aproximação das cobras, pois ali está disponível seu item preferido em qualquer cardápio: os roedores. A primeira medida de precaução para quem quer evitar encontrar serpentes é manter a área do entorno da casa limpa.

Outra espécie capturada pelos órgãos responsáveis, porém com menor incidência, até por ser de menor porte e passar mais despercebida aos nossos olhos, é a perigosa jararaca, a Bothrops atrox. Ao contrário das outras espécies registradas na Região Metropolitana de Belém, essa serpente é peçonhenta e pode inocular veneno capaz de levar a vitima à morte em pouco tempo. Em caso de ataque é importante que a vítima seja encaminhada imediatamente a um posto de saúde, para que o atendimento seja feito o mais rápido possível, com a administração do soro antiofídico, entre outros procedimentos.

 

Lei mais no Pará Negócios, do jornalista Raimundo José Pinto

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