segunda-feira, 7 de abril de 2008

Cercadas, Farc vêem opções se esgotarem

Em O ESTADO DE S.PAULO:

Cercadas pelas ofensivas do Exército e pressionadas pelos seus poucos interlocutores da comunidade internacional a entregar os 40 reféns políticos que mantêm, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estão diante de um dilema. 'Libertar os reféns agora significa abrir mão do seu mais importante trunfo político', disse ao Estado o jornalista colombiano especialista em temas de guerrilha Darío Castrillón. 'Ao mesmo tempo, ignorar os apelos da comunidade internacional enfraquecerá a posição da guerrilha para alcançar um futuro acordo que lhes permita deixar a selva e emergir como força política legal.'
De acordo com o analista, a piora do estado de saúde da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, em poder das Farc desde 2002, complicou a estratégia da guerrilha de ganhar tempo para tentar romper o cerco do Exército. 'Do ponto de vista militar, as Farc pouco podem fazer além de intensificar a guerra de guerrilha para evitar o avanço das forças oficiais, que contam com mais informação de inteligência do que jamais contaram em 40 anos de guerra', afirmou Castrillón. 'O risco maior agora é o de que as Farc recuperem a capacidade de células urbanas neutralizadas após a chegada do presidente Álvaro Uribe ao poder e voltem a atacar as grandes cidades .'
Segundo Castrillón, as Farc insistem em exigir do governo a desmilitarização dos municípios de Florida e Pradera porque assim teriam uma base territorial se gura para reorganizar as ações de selva e operações urbanas. 'Há poucas opções para a guerrilha, pelo menos enquanto Uribe estiver no poder. Por enquanto, a solução negociada, com anistia e reinserção de guerrilheiros, está fora de cogitação', disse.
Numa entrevista à revista Cambio, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper acusou Uribe de manipular o conflito para tirar proveito político e de não ter interesse na paz negociada. 'O governo não tem feito nada além d e nomear mediadores e facilitadores', disse.
Ontem, manifestações em 15 cidades francesas pediram a libertação de Ingrid, que tem origem franco-colombiana. Em Paris, a marcha reuniu 30 mil pessoas segundo seus organizadores e 5 mil de acordo com a polícia. Estiveram presentes a p rimeira-dama francesa, Carla Bruni, e a presidente argentina, Cristina Kirchner.

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