quinta-feira, 24 de abril de 2008

Bragança pára na hora do adeus

No AMAZÔNIA:

Ainda muito abalada, a população de Bragança parou, por volta das 8h30 de ontem, para assistir ao cortejo fúnebre e o sepultamento do garoto Pethrus Maia Orosco, de 4 anos, retirado à força do pátio da casa dos seus avós maternos, por volta das 18h30 de sábado, 19, assassinado e jogado num igarapé. O ex-oficial de Justiça Sérgio Barata da Silva, que está preso em Belém, é acusado de ter praticado o crime. Ele nega.
Por decisão do prefeito do município, Edson Oliveira, não houve aula nas escolas da rede municipal. O mesmo aconteceu com os estabelecimentos de ensino estaduais. Por isso, muitos jovens participaram do sepultamento.
A comoção tomou conta de todos que participaram do sepultamento, principalmente da família e dos amigos de Pethrus. Todos buscavam o conforto se abraçando, tentando entender o que estava acontecendo na cidade. 'Vamos exigir que a lei seja cumprida, vamos transformar esse luto na nossa luta', afirmou um dos estudantes que caminhava ao lado do carro que conduzia o caixão do menino rumo ao cemitério da cidade.
Antes da caminhada, o bispo da diocese de Bragança, dom Luís Ferrando, esteve na capela do Instituto Santa Teresinha, onde o corpo do garoto Petrhus foi velado desde o final da tarde da terça-feira, 22. Ele participou de uma breve celebração litúrgica. 'Havia uma amizade bonita de Jesus com as crianças, que Ele queria abraçar, e não matar, mas a nossa maldade provoca tragédias como essa, como o Pethrus. Uma tragédia que não abalou só sua família, mas toda a cidade. Mas temos certeza de que Jesus agora estará abraçando o Pethrus, que, na sua inocência, está com Jesus. Agora todos vocês têm mais um anjo da guarda no céu, que reza, pede, assiste e abençoa vocês', disse o bispo.
Sobre a violência - incluindo o ato que ceifou a vida do menino Pethrus -, dom Ferrando disse que isso 'é a aceitação da libertinagem, é a idolatria da individualidade'. 'Hoje, não se respeita mais os outros; existem leis mas elas não são respeitadas. Tudo isso provoca o afastamento de Deus e, sem Ele, a família não existe. Deus está sendo relegado cada vez mais longe do nosso cotidiano, e tirou Deus, a família desmorona. A ausência do sentido religioso é fatal para nós, e não sabemos onde tudo isso vai parar.'
O prefeito de Bragança, Edson Oliveira, disse que o fato de a cidade estar tendo um crescimento de forma intensa nos últimos anos tem atraído uma significativa migração de pessoas de outras cidades paraenses e até de outros Estados. 'É muito difícil se conter uma invasão como essa, de pessoas que vêm atrás de uma vida melhor. Com mais investimentos na nossa cidade, como um terminal pesqueiro, a formação de um núcleo universitário, mais pessoas chegam, e entre elas muitas com índole má, como foi o caso desse rapaz (o ex-oficial de Justiça Sérgio Barata da Silva)', disse o prefeito.

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