Na FOLHA DE S.PAULO:
Nenhuma das versões apresentadas pelo governo nos últimos dez dias justifica a criação de uma base de dados paralela ao sistema oficial de controle de gastos da Presidência, com claro viés político, para processar despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Eis o ponto fraco do governo na crise do dossiê: antes do vazamento, a Casa Civil preparava levantamento que passava longe de ser uma simples organização de processos antigos, de caráter administrativo.
Sem argumentos fortes para justificar os relatórios de suprimento de fundos da administração tucana no formato em que foram confeccionados, as atenções do Planalto se voltam a identificar o responsável pelo vazamento dos dados.
Desde o início da crise, quando a revista "Veja" circulou com a notícia de que o Planalto produzira dossiê para constranger a oposição na CPI dos Cartões, a Casa Civil identificou no vazamento uma "prática criminosa".
Sobre os motivos que levaram o governo a reabrir processos de prestações de contas da Presidência de 1998 a 2002, que já se encontravam no arquivo morto, a ministra Dilma Rousseff insiste em atribuir o trabalho a uma recomendação do TCU (Tribunal de Contas da União) que nunca existiu.
Se o governo se limitasse a organizar os processos de prestações de gastos de forma a atender futuros pedidos da CPI, teria usado o mesmo padrão de controle utilizado para os gastos feitos durante o governo Lula no Suprim, que é o sistema oficial de registro das despesas com suprimento de fundos da Presidência.
Mas a Casa Civil optou por uma base de dados paralela, com anotações de viés político, como uma observação que associa a compra de 180 garrafas de champanhe ao período da campanha da reeleição.
Embora o relatório -cuja autoria a Casa Civil assumiu- não contenha nenhum dado grave sobre os gastos de FHC, são fartos os registros de compras de bebidas alcóolicas ou de produtos de consumo supostamente suntuosos, como "estragão francês" (R$ 91,14).
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