Quando era criança, em Santarém, Renée Fonna ouvia - e já cantava - músicas que exaltavam o índio, a bandeira brasileira. Músicas que falam do saci-pererê e do tanque de areia.
Ouvia - e já cantava - musicas que falavam do aconchego do pai da mãe.
Mais tarde, já cantora lírica, Renée Fonna, aí com o Sizudo agregado ao sobrenome, tomou contato com as obras de Bizet, Lorca e outras.
E como educadora desde a década de 70, Renée Fonna Sizudo tem-se transportado, com alma e coração, para a sua infância ao lidar com crianças, muitas delas birrentas, mas que se derretem diante de uma música na hora de comer, de escovar os dentes - coisas assim. E se derretem muito mais quando convidadas a fazê-lo com adaptações de músicas famosas de Bizet (Carmen), Beethoven (Nona Sinfonia) e Carlos Gomes (Guarani).
"Cante Comigo", de Renée Fonna Sizudo: um transporte para a infância, pelas mãos da música e da poesia |
A obra se faz acompanhar de um CD com 28 músicas, algumas das quais o blog colou no vídeo acima.
Todas têm suas letras transcritas no livro e são cantadas, é claro, pela própria Renée Sizudo.
No livro, cada música traz ilustração feita pela própria autora, além das partituras correspondentes.
O livro é a concretização de um antigo sonho de Renée Sizudo. Há dois ou três anos, quando o poster esteve em São Paulo com ela, que ali reside há mais de 40 anos, o lançamento deste livro foi um dos temas constantes da conversa.
Pois a obra não apenas revela o talento de Renée como permite expressar na medida a frutuosa experiência de seu contato diário com as crianças na Instituição de Ensino Colégio Anglo-Brasileiro, onde mantém acesa sua chama de educadora.
Cantora lírica, professora, poetisa e artista plástica, Renée Fonna Sizudo é a única mulher paraense efetiva dos corpos estáveis do Teatro Municipal de São Paulo, onde atuou por três décadas no Coral Paulistano.
Suas composições têm sido apresentadas em importantes salas de concertos como o Teatro Municipal de São Paulo, MASP, Casa de Dante, Clube Paulistano, Biblioteca Mário de Andrade, Clube do Artista Plástico, Oscar Americano, Music Hall, entre outros.
Renée nunca esquece suas raízes. Orgulha-se em mencionar, por exemplo, que iniciou seus estudos de piano em Santarém e começou a compor aos 12 anos de idade. E se orgulha muito mais de registrar – com ênfase – que, ao vir para Belém, foi aluna da renomada cantora lírica Maria Helena Cardoso, no Conservatório Carlos Gomes.
Reneé, em sua família, não está e nunca esteve sozinha no mundo das artes. Seu pai, Apolônio Fonna, também artista plástico, foi o primeiro fotógrafo de Santarém.
No livro que agora está lançado, aliás, o maestro Samuel Kerr, que assina o prefácio, diz que a obra traz um segredo não tão escondido, quase revelado. A autora, diz ele, "cresceu às margens do Rio Tapajós, em uma cidade entre indígena e portuguesa, Santarém, e desde a mais tenra infância foi envolvida pela Arte... 'a ópera da minha infância' ...'lembra meu tempo de menina' ...'Da Amazônia ao Sul'... senhas colocadas por entre os textos das canções que nos conduzem à revelação do segredo: este livro foi escrito por quem não esqueceu de ser criança, guardou no relicário do seu coração os sons da infância, acreditou na sua voz e resolveu a todos cantar, compor, poetar, desenhar e sonhar..."
Um relicário precioso e a concretização de um sonho.
Isso resume o livro e o CD de Renée Fonna Sizudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário