quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vitrine para pedófilos

RUI RAlOL

Domingo, 8 da noite, conduzindo um grupo de amigos de outro Estado, fui surpreendido por uma multidão. Estávamos na Doca de Souza Franco, quando centenas de jovens e adolescentes começaram a surgir de todos os lados. Mas, foi quando manobramos no sentido do Ver-o-Peso, que notamos uma situação bem complicada. O trânsito estava terrivelmente engarrafado. Não apenas centenas, agora milhares de jovens, adultos e adolescentes disputavam cada palmo dos canteiros, calçadas e praças da Boulevard, entre Doca e Presidente Vargas. Por um descuido nosso, mas certamente por vontade de Deus, estávamos vivenciando o término da 8ª edição da Parada Gay de Belém.
Vou descrever agora o que meus olhos viram durante os 60 minutos em que estive preso no engarrafamento desse curto trajeto. Desde logo, asseguro aqui meu total respeito à luta contra a discriminação, contra o preconceito que tem levado à morte vários irmãos nossos, brasileiros que merecem viver como qualquer um de nós. Minha descrição tem como foco dois elementos que compunham ou deveriam compor a densa paisagem humana que contemplei do interior do carro que dirigia.
O cenário nada tinha a ver com a costumeira calmaria dos logradouros citados. O vazio demográfico das praças e ruas que margeiam esse trecho da orla de Belém cedera lugar a um formigueiro humano. Em sua grande parte, a multidão era composta de jovens e adolescentes. Muitos. Centenas. Milhares. Sobre as calçadas, no meio da pista, acotovelando-se nas praças, eu vi adolescentes em situação de risco. Este é o primeiro foco.
Louvamos a atitude do juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude da Capital, doutor José Maria Teixeira do Rosário. Com sua afiada ferramenta de trabalho, o magistrado determinou que crianças e adolescentes só comparecessem à Parada devidamente acompanhados dos pais ou responsáveis. Infelizmente, nossos menores compunham o quadro tenebroso daquela noite. Mocinhas seminuas insinuavam-se. Em grupos de mesma faixa etária, estavam em roda, dançando, provocando e sendo sexualmente provocadas por outros e outras de idade igual ou superior. Adolescentes consumiam bebida alcóolica livremente. Era uma sodoma juvenil a céu aberto.
Se adultos têm liberdade para assumir suas tendências sexuais, o mesmo não se pode dizer de crianças e adolescentes. Estes grupos precisam, sim, de proteção. E estar num ambiente desses não é nada saudável para quem ainda não tem idade para responder civilmente por seus atos. Se perante a lei são relativa ou absolutamente incapazes, a eles deve-se proibir a participação solitária em eventos destinados ao público adulto. Foi isso que o juiz acertadamente determinou. Foi isso que disse um dos líderes do movimento ao comentar na TV a determinação judicial.
Ao contrário da participação visível de adolescentes, notava-se a falta de um segundo elemento, que deveria necessariamente estar. Não vi uma participação efetiva do Estado. A paisagem era rarefeita de policiais. Naquele tapete humano, polícia era um detalhe apagado, representado por uma tropa montada. Em toda a extensão do calçamento da Boulevard, nem sinal de policiamento.
Ao olhar aquela triste cena, entendemos por que o Brasil é o paraíso dos pedófilos. Nossos menores estão expostos em catálogos vivos de prostituição. As ruas de Belém eram domingo, 27 de setembro, uma vitrine de meninos e meninas oferecidos ao abuso. Num evento que apregoa luta por direitos de cidadania, a presença desse público infanto-juvenil é um voto contra. Ao Estado, que deve proteger seus cidadãos, dois votos. A pais que não educam, todos os votos contrários.

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RUI RAIOL é pastor e escritor
Mais artigos: www.ruiraiol.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

"Mocinhas seminuas insinuavam-se" Mocinhas? Eram as bibas pastor!!! hauuahiau