“Então, amigos, Cuba não é uma ditadura”

O blog recebeu, por e-mail, postagem de Stefani Henrique.
Ele rebate argumentos expostos pelo repórter do Espaço Aberto na postagem “Viva Cuba. Viva o comandante Fidel!”.
Leiam a seguir a exposição de Stefani e logo abaixo, a postagem com a tréplica do blog:

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Inicialmente, percebi que em meu texto, devido à pressa com que digitei, suprimi algumas palavras e deixei meio sem nexo outras.
Respondo porque, apaixonado que sou pela Revolução Cubana e seus avanços, nunca vou deixar de responder às acusações mentirosas e levianas acerca dos avanços cubanos.
Já visitei Cuba, fiz roteiros não oficiais e não fiquei em hotel 5 estrelas e, além de ler muito sobre a ilha (incluindo as críticas sérias ao regime, menos a VEJA, que é do PIG, e eu não sustento esta imprensa), participo de uma rede de solidariedade internacional, que aqui no Pará é presidida pela companheira Araceli Lemos (ex-deputada e hoje presidente do PSOL), chamada CDR-Pará.
Portanto, o fato de não morar em Cuba não me desqualifica a dar uma opinião sobre o País, corroboro com as palavras do excepcional militante e psicólogo Paulo de Tarso, sobre o assunto.

PARTE 1
Sou pai de família e tenho filhos, garanto seus sustentos e suas necessidades, de acordo com aquilo que posso dar, mas imagino se, por algum motivo, eu deixasse de receber meu salário?, e se depois eu fosse proibido de abastecer meu carro e comprar peças para ele, e se junto a isso eu fosse proibido de comprar comida e remédios que porventura meus filhos precisassem, e mais além, que eu fosse proibido de receber gratuitamente, o que eu precise, de um parente meu, tanto aqui no Pará quanto de qualquer outros Estado ou de outro país?
Será que as condições que hoje eu dou para meus filhos seriam mantidas?
Será que para mantê-los vivos eu não teria que contar somente com que tivéssemos, e dividir igualitariamente? Ou seja, eles comeriam, mais não teriam nem fartura e nem variedade, certo?
Pois é, meu caro PB e demais, este cenário, que no meu caso é fictício, no de Cuba é real e cotidiano, é presente há mais de 40 anos, é um boicote assassino, internacionalmente condenado (só pela ONU já foram mais de 100 vezes) e uma medida do ponto de vista inócuo, pois até hoje não conseguiu vergar a coluna do povo cubano, que mesmo diante de dificuldades, prefere o socialismo cubano do que o “paraíso americano”.
Mas alguns vão dizer, e os milhares de cubanos que fogem da ilha? E eu respondo, e os milhares de mexicanos, indianos, haitianos e de outras nacionalidades que diariamente fogem de seus países e tentam entrar ilegalmente nos EUA, será que eles querem o fim do capitalismo no seu país e a introdução do socialismo?

PARTE 2
É obvio que tem problemas em Cuba, o transporte é o pior de todos. Faltam produtos básicos, principalmente produtos industrializados como pasta de dentes, papel higiênico, sabonete, peças para carros, não porque o governo proíbe, ou não quer disponibilizar ao povo. Mas porque o boicote assassino impede que estes cheguem livremente à ilha.
Cuba é um país em guerra. Tem em seu território, encravada ilegalmente, uma base militar americana (Guantánamo) que só serve para presos políticos que assim são, ao arrepio das leis internacionais.
Os EUA, inconformados em perder seu cassino - ou seria um bordel? - a 90 milhas de Miami, interferem diariamente com transmissões de TV e rádio, realizam sabotagens da produção industrial e agrícola e pregam o fim do regime socialista e a morte de Fidel, abertamente. E o que são isso?
São atos de guerra, PB!
São intromissão de um país nos assuntos internos de outro,PB!
PB, isto é correto do ponto de vistas das convenções internacionais?
Bem, qual é o país que, estando em estado de guerra, recebendo ameaças e atos terroristas permanentemente, mantém todas as instituições funcionando perfeitamente?
Gostaria que me citassem algum.

PARTE 3
Cuba não é a melhor democracia do mundo, tem erros, tem burocracia, precisa avançar em vários aspectos e é isso que agora o povo discute. Não a volta ao capitalismo, porque capitalismo em Cuba é sinônimo de escravidão, analfabetismo, condições humanas de saneamento lastimáveis, crianças na rua, e disso cuba já se livrou, graças a revolução.
O povo quer mais socialismo! Fim da burocracia que impede mais avanços para o povo!
Agora o que seria exemplo de democracia?
Os EUA? Ora, não me venham com xurumelas, um país em que reinam dois partidos, que na essência pensam do mesmo jeito. Que só tem condições de disputar as eleições quem tem muita grana, por que o espaço na TV e rádio é pago, com isso impossibilitando de partidos menores crescer? Um país que tem presos políticos (Guantánamo) e os 5 heróis cubanos presos ilegalmente?
Um país onde um presidente foi “eleito” na base fraude, e onde as eleições presidenciais é indireta?
Que me desmintam se isso for mentira.
Eu afirmo sem medo dos raivosos, se a Venezuela já é mais democrática do que os EUA. Então, amigos, Cuba não é uma ditadura.
Como uma ditadura pode “massacrar seu povo” como diz a moça do blog, como esta mesma “ditadura” sofre a maior intervenção de uma potência imperialista e mesmo assim resiste? Por que os EUA não invadem Cuba e acabam com esta ditadura? Porque já tentaram fazer isso e se deram mal, foram derrotados e serão de novo se assim o fizerem.
Fazer o povo saber ler, escrever, raciocinar, e ter saúde, é um dos princípios de uma nação democrática.
O que não encaixa na cabeça dos que taxam Cuba de ditadura é que Fidel é amado pelo seu povo. Um dia ele vai morrer, sabemos, mas como dizem os cubanos, Invicto! Por não ter se curvado ao império e nem ter deixado “que lhe pegassem” nos 71 tentativas de assassinatos.
Um dia ele vai morrer, sabemos, mas como dizem nossos caboclos “de morte morrida e não de morte matada”, e escreva aí, vai ser o maior funeral já visto na historia desse planeta, porque o povo ama Fidel, e Fidel e o povo cubano se misturam.
Sei que é difícil entender isso, pois no Brasil na nossa realidade é difícil amar um político.

PARTE FINAL
Comparar o regime cubano com a ditadura de 64 é uma falta de conhecimento histórico, é uma má vontade intelectual e uma reação igual à de torcedor, seja do Remo ou do Paysandu, que não aceita as coisas boas do outro, só vê as más, ou aquelas que ele julga serem más.
Por isso, me recuso a debater sobre isso.
Entretanto, ouso dizer o seguinte sobre a moça do blog:
Essa moça não ama Cuba, mesmo sendo cubana.
Não existem paraenses e brasileiros que fazem de tudo para prejudicar nosso Estado e país?
Esta moça não é de boa fé.
Isto porque o problema não é o que ela diz, e sim o que está por trás daquilo que ela diz.
Na verdade, esta moça esta a serviço da política norte-americana, que é a volta pra Cuba das grandes empresas que escravizavam o povo cubano, e realizam uma extraordinária transferência de recursos, sangrando o país. Não é assim que o capitalismo faz em qualquer país?
Quem sabe então trazer a máfia americana para controlar o comércio e o turismo cubano, excelente medida democrática não acham?
Não, Dona Yoani, a senhora pode ate ter adeptos aqui no Brasil, mas em Cuba a senhora não tem ibope não.
E mais, não se preocupe, pode ficar tranqüila que os seus filhos e netos terão um futuro feliz em Cuba, provavelmente serão professores, médicos, estudarão numa escola boa, terão saúde de primeira (não é plano de saúde não, é o SUS de lá, que é exemplo para o mundo todo), mas é claro enquanto houver socialismo, porque se for a “democracia americana” que a sra. quer pra Cuba, aí complica.
Finalizo, com os dizeres que existe num outdoor em Havana, que é símbolo da real política aplicada em Cuba:
“Existem no mundo todo 200 milhões de crianças passando fome. Nenhuma é cubana"
Obrigado pela publicação.
Boa sorte para você também, PB.