quarta-feira, 17 de junho de 2009

Tembés querem bolsa floresta com leilão de madeira ilegal

Líderes tembé da Terra Indígena (TI) do Alto Rio Guamá, no nordeste do Pará, entregaram nesta terça-feira (16) ao titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Aníbal Picanço, um projeto propondo que o dinheiro obtido em leilão de madeira retirada ilegalmente do seu território seja aplicado em projetos de desenvolvimento sustentável da comunidade. Caso aprovada pela Sema, será a primeira vez em que índios da Amazônia receberão a chamada bolsa floresta, um reembolso mensal equivalente a um salário mínimo pelos serviços ambientais prestados.
A proposta dos tembé é utilizar os recursos que vierem a ser obtidos no leilão de 4 mil metros cúbicos de madeira (estimados em R$ 1 milhão) apreendidos em novembro de 2008 em Paragominas (PA) na operação Rastro Negro, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Polícia Federal, Polícia Militar e Força Nacional de Segurança. Na ocasião, manifestantes favoráveis aos desmatadores ilegais depredaram o escritório do Ibama em Paragominas e atearam fogo em veículos do órgão.
"Vai ser inédito. Se der certo, vai ser a primeira vez nos meus 33 anos de vida que eu verei nossas riquezas voltarem para nós", comemorou a líder Puíra Tembé, que é coordenadora de Educação Indígena da Secretaria de Estado de Educação. O projeto prevê investimento em ações de segurança alimentar e de geração de renda, como o cultivo de açaí, produção de mel e artesanato, piscicultura, avicultura e suinocultura, tudo realizado a partir dos conhecimentos tradicionais indígenas.
O projeto indígena foi elaborado com a parceria do Programa Pobreza e Meio Ambiente na Amazônia (Poema), da Universidade Federal do Pará, a partir de um estudo feito pelo professor Claudionor Dias, integrante do Poema, com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Caso a Sema aprove a proposta, o MDA vai investir em recursos humanos para apoio aos trabalhos e assistência técnica, social e ambiental para a comunidade.
Além de lideranças indígenas e de representantes do Poema, participaram da cerimônia de entrega do projeto à Sema o procurador da República Felício Pontes Jr. e integrantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do MDA.

Fonte: Assessoria de Imprensa do MPF

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