domingo, 7 de junho de 2009

Os bocudos do nosso futebol

No AMAZÔNIA:

Eles não têm papas na língua. Ao menor sinal de problema, falam o que devem e o que não devem. Reclamam se o time está mal, se o juiz errou, se a Justiça Desportiva deu mancada... E, claro, às vezes perdem boa oportunidade de segurar a língua afiada. Ser 'bocudo' não é privilégio somente dos grandes jogadores brasileiros, como Pelé e Romário, os pseudo-poetas mais famosos do futebol brasileiro. No Pará, há dirigentes, treinadores e jogadores que também merecem esse apelido. Luiz Omar Pinheiro, João Galvão e Adriano são os bocudos mais famosos.
Galvão, o técnico e ex-dirigente do Águia de Marabá, é o mais ácido de todos. Recentemente, foi punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) justamente por falar demais. Depois que o Águia perdeu para o Fluminense e foi eliminado da Copa do Brasil, ele criticou a decisão do tribunal no polêmico caso do 'Cai-cai', ocorrido em 2008, que envolveu o Duque de Caxias/RJ na disputa da Série C. 'O critério do ‘Cai-cai’ deles foi uma marmelada feita pelo STJD', disse o técnico, depois da partida. A declaração rendeu ao treinador 80 dias de suspensão.
Na hora da entrevista, concedida a uma rádio local, Galvão estava irritado. Havia acabado de perder a chance de seguir na Copa do Brasil depois de vencer o tricolor em Belém. 'O problema é que falo a verdade. Não que seja o dono da verdade, mas sempre procuro ter certeza do que estou dizendo. Nesse caso, apenas falei de um artigo que não foi cumprido. Não quis desmoralizar o tribunal', explica o treinador, que aprendeu a lição da pior maneira. Mas garante: não mudará. 'Vou continuar o Galvão de sempre', avisa o falastrão, que nunca mais criou polêmicas.
Apesar das críticas ao STJD, é difícil ver e ouvir João Galvão criticar a própria equipe. Nem quando o Águia perde ou é eliminado o técnico dá o braço a torcer. 'Tivemos oportunidade de ‘matar’ no Mangueirão, mas não podemos lamentar', comentou, após a derrota para o Fluminense. Para Galvão, o treino é a única hora de lavar a roupa suja com a equipe. 'Não gosto de expor o time. Tem muitos treinadores que falam para aparecer. Eu não. Gosto do olho no olho', garante o treinador. João Galvão assumiu o Azulão em julho de 2008 e ainda não esteve nem perto de deixar o cargo.

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