domingo, 14 de junho de 2009

O avesso do avesso

No Página Crítica, sob o título acima:

O ministro Nelson Jobim (Defesa) é um boquirroto. Fala de tudo e de mais um pouco, sempre com opiniões peremptórias, definitivas. Fala - ou melhor, lança proclamas, éditos - sempre com aquela certeza que só os ignorantes são capazes de exibir.
Voltou ontem, 11, ao tema da anistia recíproca que, promulgada em 1979, em plena ditadura, teria livrado os torturadores e assassinos de punição para todo o sempre, amém.
No afã de reiterar seu compromisso com a impunidade fardada, o ministro de Lula foi mais longe. Desenterrou uma expressou antiga, revanchismo, muito em voga no final dos 70 e início dos 80, no exato momento em que ganhava as ruas os primeiros movimentos de contestação ao antigo regime. Ruas cheias de operários, de braços cruzados, desafiantes. Mas também repletas de estudantes e profissionais exigindo o fim da ditadura e a anistia ampla, geral e irrestrita, e não nos moldes limitados que os próceres da Arena, então auto-intitulado o maior partido da América Latina, começa timidamente a admitir.
A revanche, ou vingança, era o temor dos que haviam manchado as mãos com sangue de inocentes, chacinados nas câmeras de tortura. Esquartejados, violados, enterrados como indigentes, incinerados na serra das Andorinhas, enfim, desaparecidos como se nunca houvessem existido.
Quando muito, o arrogante Jobim admite - de evidente má-vontade - o resgate da memória. Da boca para fora, porque nada faz de concreto também nesse campo. É definitivo, porém, seu rechaço a qualquer tipo de punição, seja por sua interpretação canhestra da lei da Anistia e de seus crimes conexos, seja pelo princípio de prescrição, que nem os tratados internacionais assinados pelo Brasil seriam capazes de flexibilizar.
Olha com evidente desdém aos processos vivenciados pela Argentina e Chile, por exemplo, onde, apesar de todos os percalços, a Justiça começou a ser feita em toda sua plenitude.
Mas tudo não passa de bazófia. O ministro e o governo do qual ele faz parte não estão interessados no resgate de coisa alguma. Fazem, isto sim, um pacto para consagrar a injustiça histórica, evitando que a sociedade brasileira penetre no lado mais sombrio dos anos recentes de terror de Estado. Compactuam com criminosos, deixando a porta aberta para a reprodução das atrocidades que sangraram o povo brasileiro por longos 21 anos, entre 1964 e 1985.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ei blog, observe a reportagem que saiu hoje na folha e veja a razão pela qual a CPI da Petrobras não anda.


Petrobras paga R$ 4 milhões a produtoras ligadas ao PT
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da Folha Online

Hoje na Folha Duas produtoras de vídeo que trabalharam nas campanhas do governador Jaques Wagner (PT-BA) e de duas prefeitas do PT receberam R$ 4 milhões da Petrobras em 2008, sem licitação, em projetos autorizados por Geovane de Morais, informa reportagem de Leonardo Souza e Hudson Corrêa, publicada neste domingo pela Folha (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Morais era o gerente de Comunicação da área de Abastecimento da estatal. Sob sua administração estava um orçamento no ano passado de R$ 31 milhões. Ele foi demitido em 3 de abril, após uma sindicância interna ter constatado uma série de irregularidades em sua gestão, incluindo "indícios de pagamentos sem a devida entrega de serviços contratados".

A Folha teve acesso a todos os contratos de 2008 da área comandada por Morais. Entre os valores recebidos pelas duas produtoras, está R$ 1,5 milhão para filmagem de festas de São João e Carnaval na Bahia. Há também trabalhos como telerreportagem sobre "o primeiro ponto de solda" de um gasoduto em Catu (BA), pelo qual embolsaram R$ 60 mil.

Segundo a reportagem, a apuração sobre Morais começou por iniciativa de sua superiora hierárquica, Venina Velosa da Fonseca, gerente-executiva da área de Abastecimento.

Com base no relatório da equipe de Venina, o departamento jurídico da Petrobras concluiu que era o caso de demitir Morais por justa causa. A demissão foi informada a ele, mas ainda não foi consumada por ele estar de licença médica desde o final de 2008. Morais não foi localizado pela Folha.

Outro lado

A Petrobras informou que desde dezembro apura indícios de irregularidades nos contratos da gerência de Comunicação do Abastecimento e que decidiu, em abril passado, pela demissão por justa causa de Morais.

"Foram encontrados indícios de pagamentos sem a devida entrega dos serviços contratados."

Questionada pela Folha se havia sinais de favorecimento ao PT nos contratos autorizados por Morais, a estatal disse que não identificou sinais, até o momento, de beneficiamento a nenhum partido.

Leia a reportagem completa na Folha deste domingo, que já está nas bancas.