terça-feira, 4 de novembro de 2008

McCain faz esforço final para não perder em casa

Na FOLHA DE S.PAULO:

John McCain chega ao dia da eleição sem certeza de que poderá manter seu próprio Estado entre aqueles onde sua vitória é garantida. Os eleitores do Arizona, que há 26 anos votam no republicano para o Congresso, agora estão em dúvida.
Os dados mais recentes do Arizona, compilados pelo site Real Clear Politics, indicam McCain com 49,3% contra 45,8% de Obama. Estão tecnicamente empatados, pois a margem de erro das pesquisas consideradas é de quatro pontos percentuais. Desde 1954, esse Estado é um reduto republicano, com a exceção de 1996, quando Bill Clinton foi reeleito em meio à bonança econômica.
Preocupado com a possível humilhação de perder em casa, McCain fez um esforço final ontem. Passou um dia extenuante em campanha por seis Estados e fez questão de terminar a jornada no Arizona. Chegaria à noite para tentar conseguir ocupar um pouco o espaço na mídia local e assim procurar estancar o avanço do adversário. Hoje, estará aqui o dia todo e planeja um pronunciamento à noite, quando e se houver alguma previsão de vencedor.
O Arizona é um dos locais onde o republicano teria, em princípio, facilidade para vencer e acabou se complicando. Há várias explicações possíveis, mas uma fácil de ser quantificada é o volume de publicidade televisiva de cada candidato.
Segundo dados do Campaign Media Analysis Group, entidade especializada em monitorar esse tipo de despesa eleitoral, houve um verdadeiro massacre nesta eleição em favor de Barack Obama. O democrata já havia gasto, até o último dia 29, US$ 292,8 milhões contra US$ 131,7 milhões do republicano. Em volume de peças publicitárias veiculadas, o placar é de 535.945 comerciais de Obama e 269.143 de McCain.
Nos EUA, a propaganda eleitoral é paga pelos candidatos, pelos partidos e por grupos interessados em influir no processo, todos liberados para comprarem quanto espaço desejarem na mídia. No Brasil, o sistema é diferente, com o horário eleitoral e os comerciais bancados pelo governo -as emissoras de rádio e de TV brasileiras recebem depois um benefício fiscal no Imposto de Renda pelas horas cedidas.
McCain anunciou na sexta-feira uma reação. Nas 72 horas finais, a direção de sua campanha estava prevendo gastar até US$ 10 milhões a mais do que Obama em propagandas na TV.
Quando se levam em conta cifras globais, o valor anunciado pelos republicanos seria pequeno para tirar a vantagem de Obama. A reação também pode ter vindo tarde. Para complicar, McCain teve de gastar dinheiro onde, em princípio, não teria de fazer esse tipo de esforço.
No Arizona, McCain não gastou nada em TV ao longo da campanha, enquanto Obama já desembolsou US$ 1,4 milhão para veicular 2.258 comercias nas TVs até quinta. Gastou mais no fim de semana, mas os dados não estão disponíveis.
O cenário se repete em vários dos chamados Estados-pêndulo, nos quais os eleitores ainda não se decidiram. A Flórida é um caso sombrio para McCain. Os republicanos venceram 8 das 10 últimas disputas ali, mas agora o eleitorado sinaliza que pode se bandear para Obama.
Os valores de publicidade eleitoral na Flórida mostram uma das principais razões para o bom momento democrata. Obama gastou US$ 33,4 milhões lá contra US$ 9,8 milhões de McCain. As cifras se traduzem em 50.066 comerciais obamistas e 16.831 de McCain.

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